O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, reiterou nesta quinta-feira suas expectativas de que a economia da zona do euro continuará crescendo de forma sólida. Para o italiano, os recentes sinais de desaceleração estariam relacionados a fatores temporários, como a onda de frio que atingiu a Europa entre fevereiro e março.
“Os últimos dados sugerem ritmo moderado do crescimento desde o início de 2018”, disse Draghi durante coletiva de imprensa após o BCE anunciar manutenção de sua política monetária. “Desde a nossa última reunião, em março, todos os países da zona do euro apresentaram crescimento moderado”, avaliou.
Draghi voltou a destacar, ainda, a necessidade de um amplo grau de estímulos para sustentar a inflação rumo à meta da autoridade monetária, de perto de 2%. Segundo o presidente do BCE, a inflação subjacente deve subir gradualmente no médio prazo, auxiliada pelo aumento dos salários.
O dirigente abordou também a disputa comercial desencadeada pelo anúncio das tarifas sobre importações de aço e alumínio pelos Estados Unidos e ressaltou não saber qual seria a extensão da retaliação a essas taxas. “Sabemos, porém, que isso tem efeito rápido na confiança e pode afetar a perspectiva de crescimento”, ponderou Draghi.
Questionado sobre a volatilidade do euro e o atual patamar da moeda em relação ao dólar, Draghi disse que a questão não foi discutida na reunião de hoje.
Mais cedo, o BCE decidiu manter sua política monetária inalterada, com a principal taxa de juros, a de refinanciamento, zerada, e a de depósitos em -0,40%. Além disso, a instituição reiterou que pretende continuar com seu programa de compra de ativos de 30 bilhões de euros por mês (US$ 36,6 bilhões) até setembro ou “além se necessário”. (Flavia Alemi – flavia.alemi@estadao.com)