Um cenário de “desacelerações generalizadas de preços” levou à taxa menor do Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) de julho, que subiu 1,12%, ante taxa de 1,89% em junho. A avaliação é do coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros. “Claramente o IGP-DI, assim como os IGPs, parecem estar em uma trajetória de desaceleração”, afirmou o economista.

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De acordo com ele, apesar de terem sido registradas desacelerações de preços no atacado, no varejo e na construção civil, de junho para julho, foi o setor atacadista que mais influenciou a inflação menor medida pelo IGP-DI. Além de ter sofrido uma desaceleração intensa, de 2,29% para 1,28%, o setor atacadista representa 60% do total do índice – de maior peso entre os três setores usados para cálculo do indicador.

No setor atacadista, o destaque ficou por conta da movimentação de preços das matérias-primas brutas, cuja taxa de inflação diminuiu muito (de 3,33% para 1,39%), de junho para julho. Quadros comentou que as matérias-primas (commodities) agrícolas deram contribuição decisiva para o cenário de preços baixos. É o caso de bovinos (de 11,29% para 3,53%); e da soja em grão (de 10 17% para 2,01%).

Futuro

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A trajetória de desaceleração do IGP-DI, e dos IGPs de uma maneira geral, deve continuar por um tempo, na análise de Quadros. Segundo ele, o cenário atual pode conduzir a uma taxa menor para o IGP-DI de agosto, em relação à taxa de julho. Quadros explica que, no atacado, vários itens importantes e de peso na formação da inflação do setor estão em queda ou em desaceleração. Essas movimentações de preços, na análise do economista, são persistentes, e têm chances de continuar a beneficiar a taxa do índice, puxando-a para baixo.

Mas o economista admitiu que a trajetória de desaceleração do IGP-DI, em seus resultados mensais, pode não ser suficiente para reduzir, de forma expressiva, a taxa em 12 meses do índice. Atualmente, até julho, a taxa do índice acumula alta de 14,81% em 12 meses. Ele concordou que há a possibilidade de o índice não fechar o ano com resultado próximo a 12% – teto das estimativas de algumas instituições do mercado financeiro. “Creio que a desaceleração da taxa em 12 meses IGP-DI só vai se dar com mais força a partir mesmo do ano que vem”, disse.

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