A desaceleração do Índice de Preços ao Consumidor-Semanal (IPC-S) para alta de 0,72% na segunda quadrissemana de julho, ante 0,82% na leitura anterior, é uma “boa notícia” e reforça a previsão da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de que a inflação medida pelo indicador deve ficar em 0,50% no dado fechado de julho. A avaliação é do coordenador da pesquisa e economista da instituição, Paulo Picchetti. Apesar da trajetória de arrefecimento, ele pondera que esse patamar ainda é alto para o mês, o que reforça a tese de que a economia brasileira passa por processo de inflação alta.

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A desaceleração do IPC-S na segunda quadrissemana de julho, ressaltou Picchetti, foi puxada principalmente pelo tomate, dentro do grupo hortaliças e legumes, que seguiu em deflação, embora menor do que na última leitura. Entre as duas primeiras leituras do mês, passou de retração de 22,82% para recuo de 16,76%. “Acredito que essa variação negativa vai se transformar em positiva nas próximas semanas, mas o tomate sozinho não vai conseguir reverter o comportamento de queda observado nos outros itens e que, no saldo líquido, deve levar a uma desaceleração do grupo Alimentação”, afirmou.

Na segunda quadrissemana, Alimentação (de 0,89% para 0,97%) e Habitação (de 1,04% para 1,10%) foram os dois únicos grupos a apresentarem aumento nas taxas de variação. No caso de Habitação, Picchetti destaca que a alta foi puxada principalmente pelo reajuste de tarifa de energia elétrica em algumas capitais, como em São Paulo. Entre a primeira e a segunda leitura de julho do IPC-S, a tarifa de energia subiu de 0,55% para 1,61%. “Há também algum resquício dos reajustes de água e esgoto, mas acredito que, a partir da próxima semana, a influência desse item praticamente vai zerar no índice”, acrescentou o economista.

De acordo com o pesquisador, a saída da pressão do aumento de água e esgoto, da alta de preços de passagem aérea e de jogos de azar, cujos preços das apostas foram reajustados a partir de maio, deve aliviar as próximas leituras do IPC-S, compensando o impacto do aumento de energia elétrica. “Com isso, devemos ter trajetória de desaceleração do indicador”, afirmou. Picchetti lembrou, contudo, que, caso a taxa de 0,50% do IPC-S em julho se confirme, será um resultado bom apenas comparado ao de junho (0,82%). “Se colocar no contexto históricos, em que julho é um mês sazonalmente de inflação baixa ou mesmo deflação, é um resultado que mostra que vivemos processo de inflação alta”, ponderou.

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Difusão

O coordenador da pesquisa destaca que o Índice de Difusão do IPC-S evidencia esse cenário de preços altos. Na segunda quadrissemana, a difusão ficou em 77,5%, abaixo dos 77,94% registrados na primeira leitura do mês. “Mas ainda é o terceiro maior da série histórica”, lembrou Picchetti. O maior foi registrado em janeiro de 2003, quando atingiu 78,86%. “Se de um lado vai haver desaceleração em julho, de outro, vivemos momento de inflação ainda muito alta. E alta por um processo generalizado. Temos a pressão das tarifas públicas, mas, além dela, temos os preços no geral com elevações grandes”, disse.

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