A desaceleração da atividade industrial iniciada no terceiro trimestre de 2011 definitivamente chegou ao mercado de trabalho, segundo o sócio-diretor da RC Consultores, Fábio Silveira. Entre as explicações para a redução do ritmo de geração líquida de empregos na passagem de fevereiro para março, quando a criação de postos de trabalho com carteira assinada caiu 25,8%, de 150,6 mil para 111,7 mil, Silveira cita o impacto da diminuição da atividade fabril.
“Em algum momento no tempo, conforme vínhamos alertando antes, a desaceleração da produção industrial iria afetar o mercado de trabalho, que reage a posteriori”, ressaltou o diretor da RC Consultores. Na verdade, avalia Silveira, a indústria vem afetando o mercado de emprego desde o ano passado. “O intervalo entre o início de um movimento na produção e seu impacto no mercado de trabalho é de seis a nove meses. Mas como a geração de empregos era muito grande as pessoas nem perceberam que a indústria já estava afetando esse mercado”, explica Silveira.
A economia, de acordo com o sócio da RC Consultores, está andando de lado. E um indicador desse comportamento é o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que, conforme o BC divulgou na segunda-feira, recuou 0,23% ante janeiro, de 140,53 pontos para 140,20 em fevereiro, o pior desempenho mensal desde outubro do ano passado.
Devido aos efeitos meramente aritméticos, segundo Silveira, o IBC-Br deverá encerrar o primeiro trimestre com crescimento de 0,40% na comparação com o quarto trimestre de 2011, em razão, fundamentalmente, da elevação do consumo das famílias. “Uma coisa é comparar fevereiro com janeiro e o primeiro trimestre de 2012 com o quarto de 2011, porque a base da comparação é bem menor. O patamar deste começo de ano é melhor, mas a economia continua andando de lado”, diz Silveira.