O Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento começou nesta semana uma ampla pesquisa sobre a cafeicultura paranaense. O trabalho termina dia 8 de novembro. Até lá serão apurados os números finais da safra 2002 e feito o primeiro prognóstico para 2003. Paralelamente, serão colhidas amostras de café para testes de qualidade e promovida a atualização cadastral das áreas produtivas do Estado.
A pesquisa vai abranger 337 propriedades definidas em amostra elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Vinte e cinco técnicos do Deral especialmente treinados estão envolvidos no trabalho, que é coordenado pelo economista Paulo Sérgio Franzini, da Secretaria da Agricultura em Apucarana. Os primeiros resultados deverão ser conhecidos até o final de novembro.
Os dados referentes à qualidade, porém, serão divulgados somente no final do ano. O motivo da demora é a complexidade dos testes. Depois de colhidas, as amostras serão enviadas ao Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) para codificação. Em seguida, irão para o Departamento de Café (Decaf) do Ministério da Agricultura, em Londrina, que vai prepará-las para degustação. Cada amostra será degustada por três especialistas diferentes.
Produção
O Paraná tem hoje 140 mil hectares cultivados com café, dos quais 120 mil estão produzindo 2 milhões de sacas beneficiadas de 60 quilos, um salto significativo sobre as 600 mil sacas de 2001, quando a safra foi comprometida pelas geadas. Cerca de 80% dos 20 mil hectares sem produção estão cobertos por plantas novas e os outros 20% por plantas adultas submetidas a poda. O valor da produção é estimado em R$ 300 milhões.
Dedicam-se à cafeicultura 15 mil propriedades, das quais 83% possuem menos de 50 hectares, áreas qualificadas como propriedades familiares. Segundo Franzini, isso é viável porque 45 mil hectares adotaram a tecnologia do café adensado, típica do Paraná, que exige o envolvimento de mais trabalhadores que o sistema convencional.
De acordo com essa proposta de cultivo, desenvolvida pelo Iapar e aplicada desde o final da década de 80, é possível ter uma produtividade maior em áreas menores e, ao mesmo tempo, exigindo menos esforço produtivo de cada planta. Com isso, além de tornar a cafeicultura interessante para os agricultores familiares, a nova tecnologia abriu espaço para outras atividades produtivas e mais alternativas de renda.
O Paraná é o terceiro produtor do tipo arábica do Brasil, que este ano colheu a maior safra de café da sua história (45 milhões de sacas). O primeiro é Minas Gerais.
Seca prejudica o robusta
O preço do café robusta chegou ontem perto do nível mais alto dos últimos dois anos em Londres, devido a um episódio de forte seca nas principais regiões produtoras de café no Brasil, informou a agência Associated Press.
No LIFFE de Londres, a tonelada de robusta para entrega em novembro era negociada a 698 dólares às 13h30 (GMT), contra 679 dólares na abertura e 670 dólares no fechamento do pregão de segunda-feira. No CSCE de Nova York, o café arábica para entrega em dezembro fechou o pregão de segunda-feira a 62,8 centavos a libra.
O mercado de café reagiu fortemente às previsões pessimistas de um centro meteorológico internacional, que anunciou no começo da semana que não iria chover nas regiões produtoras de café no Brasil nos próximos dias. “O mercado se preocupa com a repercussão que a seca atual terá sobre a próxima colheita. O período é crucial, pois estamos no momento em que os arbustos começam a florescer e precisam de chuva contínua”, explicou a especialista Caroline Eagles.
Depois de um setembro chuvoso, o Estado de Mato Grosso do Sul e o Oeste do Estado de São Paulo e de Minas Gerais têm temperaturas normalmente elevadas, segundo a analista. “As últimas previsões meteorológicas apontam que não deve chover antes do começo da semana que vem. O mercado já previa uma forte baixa da safra depois do recorde de 2002/03. Falta ver se o impacto desta seca terá repercussões a longo prazo sobre os preços”, concluiu.
Desde 2001, os preços do café vêm caindo, alcançando o nível mais baixo dos últimos 30 anos, devido principalmente a uma superprodução de grãos no Brasil.