O líder do PSD na Câmara dos Deputados, Rogério Rosso (DF), chegou nesta tarde de sexta-feira, 29, ao Ministério da Fazenda com uma proposta de programa de estímulo ao emprego na indústria a ser apresentada ao ministro Henrique Meirelles. A proposta consiste conceder benefícios tributários às empresas na proporção do crescimento da produção e do emprego. De acordo com o parlamentar, a intenção é ocupar a capacidade ociosa do setor, sem que o governo abra mão da atual base de receitas.

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“Temos um parque industrial qualificado e precisamos resolver essa questão da ociosidade e do desemprego, ao mesmo tempo em que não podemos falar no momento em renúncia fiscal. Portanto, o que propomos é que haja um desconto em impostos federais à medida que as receitas provenientes do aumento da produção e emprego aumentem, preservando assim a base atual da arrecadação”, disse o deputado ao chegar no ministério.

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De acordo com o documento entregue aos jornalistas, a proposta se baseia em um modelo aferido trimestralmente pelo qual, a cada 5% de acréscimo na produção industrial, haveria uma restituição do imposto pago de 0,25% como crédito para abatimento nos meses seguintes. Outra redução também de 0,25% se daria para cada acréscimo de 5.000 funcionários – por meio de associação, entidade ou arranjo produtivo – na mão de obra direta de cada seguimento. A proposta prevê que, caso haja redução na produção ou no emprego, a carga tributária será mantida da forma original.

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“Vários países aplicaram programas semelhantes com sucesso. Programas de incentivo anteriores realizados no Brasil não deram certo porque não tiveram fiscalização adequada, sobretudo no tocante à manutenção do emprego”, completou Rosso.

Questionado pelos jornalistas se a proposta é factível em um momento no qual o Ministério da Fazenda tem enfrentado queda persistente na arrecadação de receitas administradas, o deputado argumentou que o benefício fiscal do programa não significa renúncia fiscal sobre a atual base de arrecadação do governo, mas sim um estímulo sobre parte do potencial a ser recuperado de receitas com o aumento da produção e do emprego. “De cada dez frases do presidente em exercício, Michel Temer, pelo menos uma é em relação à necessidade de retomar o emprego. Por isso, creio que a proposta tem condição de ser discutida no governo”, disse.

Um dos principais líderes do chamado “centrão” na Câmara dos Deputados, Rosso avaliou que os partidos que compõem a base do governo têm disposição em aprovar a agenda econômica formulada pelo ministro Meirelles. Ele frisou, porém, que há uma forte resistência do Congresso em aceitar neste ano qualquer proposta que signifique aumento de impostos.

O deputado também considerou as reformas trabalhista e previdenciária importantes para o ajuste que o Estado brasileiro necessita, mas disse que ainda aguarda a definição das propostas sobre esses temas pela equipe econômica.