O chefe do Centro de Estudos Monetários (CEM) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), José Júlio Senna, avalia que, diante do cenário atual, uma depreciação cambial adicional “parece absolutamente indispensável”. Diante disso, o economista afirma que o Banco Central tem responsabilidade redobrada. “O BC deveria se preocupar com a meta (de inflação) e com a composição, a relação de preços de non-tradables (bens não negociáveis internacionalmente) e tradables (bens negociáveis)”, disse nesta quinta-feira, 12, durante o 1º Seminário de Política Monetária, realizado pela FGV no Rio.
Para ele, é preciso rigor redobrado no combate à inflação de non-tradables, com espaço para o real ainda mais fraco. Segundo Senna, o reequilíbrio externo depende de melhora no preço relativo de tradables e non-tradables. Ele lembrou que nos últimos quatro anos o dólar está se fortalecendo. “O que está acontecendo é que a inflação de tradables não se mexe” disse.
O economista avalia ainda que a saída para o Brasil por meio das exportações está “muito difícil”. “A economia mundial, o comércio internacional e os preços de commodities não ajudam”, afirmou.
O chefe do CEM acrescentou que os preços baixistas são vindos das commodities. “No sentido contrário temos a depreciação do real. A priori, o efeito líquido disso é desconhecido”.