Se até a última quarta-feira as pessoas lotavam as lojas para fazer compras de Natal, na manhã de ontem teve início uma nova maratona: a da troca de presentes.

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Por lei, os estabelecimentos comerciais não são obrigados a trocar mercadorias se as mesmas não apresentarem defeitos. Porém, com o objetivo de agradar o consumidor, a maioria concorda em substituir produtos cuja cor, modelo ou tamanho não agradou.

“Permitir a troca é uma forma de ser cordial com o cliente. Temos clientes antigos, que são fiéis e compram sempre conosco. Além disso, temos clientes novos e que precisamos conquistar. As trocas são normais no comércio, principalmente nesta época do ano”, diz a gerente de uma loja de roupas localizada no centro de Curitiba, Silvana Yoo.

Segundo o funcionário de uma loja de sapatos também da região central, Jonathan Willian, as trocas costumam se estender até metade do mês de janeiro. “O movimento de trocas é quase compatível ao de vendas. Em nossa loja, trocamos os produtos sem problema algum, pois é comum as pessoas errarem o número dos calçados de amigos e familiares presenteados”, afirma.

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No estabelecimento em que trabalha Jonathan, a primeira cliente a realizar uma troca ontem foi a vendedora autônoma Lindamir Andrade. Ela comprou um tênis para o neto, mas não acertou a numeração.

“Meu neto gostou bastante do presente. Porém, comprei 33 e ele calça 34. Como ficou apertado, não tem outro jeito a não ser trocar. É um trabalho redobrado”, comentou.

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Em outra loja, a comerciante Regina Silva trocava uma blusa dada pela madrasta. “Não gostei do modelo e por isso quero trocar. Roupa é uma coisa bastante pessoal e dificilmente as pessoas acertam o gosto das outras. Pelo menos, é o único presente que recebi e que vou ter que trocar este ano. Todos os outros serviram e me agradaram bastante, o que facilita a vida”.

Quem também não quis esperar muito para trocar presentes foi o advogado Marcus Reis, que levou seu filho Henrique, de nove anos, para trocar um tênis que ficou pequeno. “Normalmente já tentamos trocar o mais rápido possível, para evitar perder o prazo. E o meu filho fica ansioso para usar o presente”, conta.

Defeito

De acordo com a coordenadora do Procon do Paraná, Ivanira Gavião Pinheiro, é no período que sucede o Natal que as reclamações sobre o assunto acontecem com mais freqüência. Segundo ela, as lojas só têm a obrigação de trocar produtos com defeito.

“Mas para fidelizar, ou agradar os clientes, elas efetuam trocas”, completa. No entanto, Pinheiro lembra que, se o estabelecimento coloca etiquetas de troca nos produtos ou observações na nota fiscal, tem que cumprir a promessa.

Em caso de defeito no produto, o Código de Defesa do Consumidor prevê um prazo de até 30 dias para o vendedor ou fabricante sanarem o problema. Caso não haja solução, o cliente tem três opções: trocar por outra mercadoria semelhante, no mesmo valor, receber de volta o valor pago, com as devidas correções, ou ter um abatimento no preço.

Menor que o esperado

Superando as expectativas que apontavam para aumento de 6%, em função dos reflexos da crise financeira mundial, o comércio de Curitiba e região metropolitana registrou alta nas vendas de 8%, segundo apurou a Associação Comercial do Paraná (ACP), baseando-se nas consultas ao Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) e ao Videocheque.

O ritmo do movimento no varejo aumentou principalmente nas duas últimas semanas que antecederam o Natal, que é a principal data do comércio no ano, fazendo a entidade elevar a alta prevista de 4%, conforme prognóstico anunciado no início de novembro para 6%, em comparação com igual período de 2007, ou seja, p,ara as vendas realizadas entre 1.º e 24 de dezembro.

O valor médio do presente foi deR$ 70, com predomínio de confecções e calçados, além dos tradicionais brinquedos. Em 2007, com aumento de 13,3%, o consumidor gastou, em média, R$ 85.

No País

No País, segundo o Indicador Serasa do Nível de Atividade do Comércio divulgado ontem, as vendas de Natal no varejo cresceram 2,8% entre os dias 18 e 24 de dezembro na comparação com o mesmo período do ano passado, queda expressiva comparadas ao mesmo período do ano passado, quando o crescimento chegou a 5,3%.

Juros altos e o maior endividamento levaram o consumidor a ser mais cauteloso na hora da compra, principalmente em relação ao crédito e aos produtos de maior valor. A entidade destaca que as instituições financeiras e o varejo também foram mais conservadores na concessão de crédito.

Shoppings

Para a Associação Brasileira de Lojistas de Shoppings (Alshop), as vendas de Natal nos shoppings em 2008 registraram alta de 3,5% em comparação com o ano anterior.

Os dados, com inflação descontada, consideram o período entre 30 de novembro e 30 de dezembro. “O resultado ficou abaixo das expectativas, mas a base de comparação com 2007 era muito elevada”, afirmou o presidente, Nabil Sahyoun.

Segundo ele, o ano foi muito positivo para o setor até setembro, quando a crise internacional começou a se agravar. Para 2008, a Alshop estima um faturamento total de R$ 70,7 bilhões no setor de shoppings, aumento real de 6,8% em comparação com os R$ 66,2 bilhões registrados no ano passado.

Em 2009, a entidade espera um avanço de 5,1% para R$ 74,3 bilhões. O executivo disse que os meses de janeiro e fevereiro serão positivos para as empresas em função das promoções e liquidações, e que março será como um termômetro das vendas de 2009.