Ribeirão Preto (AE) – Se os norte-americanos seguirem à risca o apelo feito ontem pelo presidente George W. Bush de utilizarem 20% de combustíveis alternativos e renováveis nos veículos em 10 anos, a demanda pelo etanol naquele país em 2017 pode chegar a 132 bilhões de litros (35 bilhões de galões). O volume é entre 3,3 vezes e quatro vezes o que o Brasil deverá produzir na mesma época, ou entre 30 e 40 bilhões de litros, de acordo com previsões do setor sucroalcooleiro. As estimativas, que necessariamente serão revistas, apontam ainda uma exportação de 4 bilhões de litros do combustível brasileiro.
O presidente da União da Indústria da Cana-de-açúcar (Unica), Eduardo Pereira de Carvalho, afirmou que os reflexos dessa demanda norte-americana para o Brasil dependerão de quanto crescerá a oferta nos Estados Unidos. A previsão mais próxima dava conta de que em 2012 os norte-americanos consumiriam 28,4 bilhões de litros, 104 bilhões de litros de diferença para a previsão de 2017. ?Tudo vai depender de como deve ser o crescimento interno da produção dos Estados Unidos, mas o mais importante (nas declarações de Bush) é que um indicador para todas as nações continuarem ampliando o uso do etanol?, afirmou.
Já para o consultor e ex-presidente da Câmara Setorial do Açúcar e do Álcool, Luiz Carlos Corrêa Carvalho, ?nunca antes o governo brasileiro teve oportunidade e a necessidade da criação de uma política que colocasse um marco regulatório para o setor produtivo de álcool, que atraia o capital para que a produção dessa demanda seja aqui?, afirmou. Ele entende que, além dos Estados Unidos, com a produção própria, apenas o Brasil tem a capacidade de suprir a necessidade pelo combustível alternativo necessário ao mercado norte-americano. ?É uma chance inacreditável?, concluiu o consultor.
O crescimento do uso de etanol nos Estados Unidos deve fazer o país disparar na liderança mundial da produção do combustível, feito principalmente a partir do milho no país. Na atual safra, os norte-americanos produziram cerca de 20 bilhões de litros, ante 17 bilhões do Brasil.