A demanda pelas ações da XP Investimentos em sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) na bolsa americana Nasdaq já supera em dez vezes a oferta, apurou o jornal O Estado de São Paulo/Broadcast. Como a operação poderá a chegar a US$ 2,1 bilhões, considerando a colocação de um lote extra, já há ordens de aproximadamente US$ 20 bilhões pelos papéis da maior corretora brasileira.

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O processo de formação do livro da oferta, quando os investidores e alocações serão definidos, será finalizado nesta terça-feira, 10, quando a ação será precificada. A estreia da XP no pregão da bolsa americana, famosa por abrigar grandes nomes da tecnologia (como Facebook e Alphabet, dona do Google), será amanhã.

Os investidores vêm tratando a XP como uma das poucas empresas de tecnologia de crescimento acelerado (fast-growing, no termo em inglês). A plataforma, porém, já tem resultado robusto, ao contrário de nomes mundialmente conhecidos como Uber, por exemplo. O crescimento de ativos sob sua custódia cresceu mais de 90% entre 2014 e 2018. Já o lucro, que acumulou R$ 699 milhões de janeiro a setembro deste ano, era de R$ 465 milhões em todo 2018, de R$ 424 milhões em 2017 e de R$ 244 milhões em 2016.

A oferta envolverá a venda de 72,51 milhões de ações classe A. Desse volume, 42.533.192 farão parte da oferta primária, aquela que injetará recursos no caixa da empresa. Outras 29.957.449 ações são da oferta secundária, que dão recursos aos sócios da empresa. Com o preço dos papéis alcançando o teto da faixa indicativa do prospecto, a XP estreia na Nasdaq com um valor de mercado de US$ 13,8 bilhões, ou quase R$ 60 bilhões. O valor da ação deve ficar entre US$ 22 e US$ 25.

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Além de sócios executivos da XP, são vendedores na oferta os fundos General Atlantic e Dynamo. O Itaú Unibanco, que há um pouco mais de dois anos adquiriu 49,9% das ações da XP, não venderá sua participação. O Itaú pagou cerca de R$ 6 bilhões por essa fatia, avaliando a companhia à época em R$ 12 bilhões. Em pouquíssimo tempo, viu o valor do investimento se multiplicar em cinco vezes. Após a oferta, o maior banco privado do País ficará com uma fatia de 46% da XP.

Pessoas físicas

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Nas últimas semanas, um número crescente de pessoas físicas começou a buscar informações sobre compra de ações fora do Brasil. O movimento ainda soa arrojado para um País em que investimento em bolsa de valores começou a ganhar tração entre os poupadores apenas neste ano, quando a taxa de juros caiu para a mínima histórica. Com 1,5 milhão de clientes ativos e conhecida por mudar a dinâmica dos investimentos no País – brigando nesse nicho de frente com os grandes bancos -, a XP Investimentos, ou XP Inc, como foi batizada recentemente, é a responsável por essa corrida.

A XP chega à Nasdaq 18 anos depois de Guilherme Benchimol fundar a empresa, em uma trajetória de empreendedorismo conhecida no mercado. A empresa nasceu no Rio de Janeiro em 2001, vendendo cursos para aqueles que tinham interesse em investir em ações. Agora, já na maioridade, a XP completa um ciclo da vida ao se tornar pública, tendo abaixo de seu guarda-chuva três marcas: a própria XP, as corretoras Rico e Clear. Juntas, elas têm nada menos que R$ 350 bilhões sob custódia, receita de R$ 3,7 bilhões e lucro líquido de R$ 699 milhões de janeiro a setembro.

A casa de análise Levante Investimentos recomendou a clientes a compra das ações da XP em seu IPO com o valor do papel em até US$ 25. “Quem investir nas ações da XP na Nasdaq nos EUA poderá ter um retorno anual em dólares de 10% ao ano de 2019 a 2023. Por último, mesmo que o investidor não consiga entrar no IPO da XP na bolsa de valores Nasdaq nos EUA, está mais do que na hora de ter uma conta aberta numa corretora de valores fora do País”, escreveu o analista Eduardo Guimarães, que assina o documento.

Críticas

Essa, aliás, foi uma das principais críticas em relação à oferta da XP. Depois de levar o “mundo da renda variável” a seus clientes, a corretora tornou distante para os próprios clientes a compra de suas ações ao decidir abrir capital fora do País.

Um dos riscos do negócio da XP, segundo a casa de análise Nord, em relatório do analista Bruce Barbosa, está o aumento da competição do mercado e o fato de que o negócio da corretora cresceu em torno dos agentes autônomos de investimentos. Até o momento, eles estão “presos” para trabalharem para uma única plataforma, mas a regra caminha para ser alterada.

Dentre outros riscos, a Eleven fala de “concentração e competição acirrada do setor financeiro, com aumento da oferta de produtos similares”, “execução do modelo de negócios, principalmente nas frentes de menor expertise” e “necessidade de gastos elevados com tecnologia e marketing, dado o processo de expansão”, por exemplo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.