A forte queda nas taxas de juros e na inflação do Brasil terá impacto inicial apenas limitado sobre a economia e os tomadores de crédito do país, segundo relatório da Moody’s. Uma melhora mais substancial só virá com um avanço sustentado da demanda, diz a agência de classificação de risco.

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Após três anos praticando uma política monetária conservadora, o Banco Central brasileiro vem reduzindo juros e deverá manter a tendência até pelo menos 2018, à medida que a inflação se desacelerar, prevê a Moody’s. Atualmente em 11,25%, a Selic poderá cair para menos de 9% no fim do ano, depois de atingir o pico de 14,25% em 2016, de acordo com a agência.

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“Taxas referenciais mais baixas não se traduzirão rapidamente em juros menores para consumidores e empresas, no entanto”, avalia a Moody’s. “As taxas de juros no Brasil também incorporam outros fatores, tais como risco de crédito no balanço patrimonial dos bancos, impostos e seguro de depósitos. O prazo para que esses fatores sejam ajustados será maior”, acrescentou.

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A Moody’s acredita que o processo de melhoria das condições de crédito ocorrerá em duas etapas, começando com um período de desalavancagem que se estenderá por 2018 e seguida por um aumento gradual no estoque de crédito, consumo e investimento, de acordo com Marianna Waltz, diretora-gerente da agência.

Ainda na avaliação da Moody’s, a queda nos juros terá impactos variados nos diferentes setores da economia brasileira. Além de esperar uma redução na despesa com juros do governo, a agência prevê que a relação pagamento de juros sobre receita do Brasil continuará alta em relação a de outros países com mesma nota soberana, mas que o índice médio se manterá nos níveis pré-crise, de cerca de 20%, em 2017 e 2018. Além disso, as taxas menores deverão incentivar investimentos mais robustos a partir do próximo ano.

No caso dos bancos, a Moody’s prevê que os juros menores reduzirão o risco de ativos e as necessidades de provisionamento para perdas com empréstimos.

A Moody’s diz ainda que as taxas mais baixas beneficiarão companhias do setor não financeiro, que também terão menores despesas com juros, mas ressaltou que várias delas estão apenas começando a se recuperar, após a forte deterioração de suas métricas de crédito

Quanto ao setor de infraestrutura, a Moody’s avalia que o benefício de juros baixos será ofuscado pela demanda limitada por serviço, em meio ao fraco crescimento da economia brasileira.