Transportadores de grãos de Mato Grosso enfrentam dificuldades para impor a tabela balizadora de fretes fixada pela Associação dos Transportadores de Cargas do Estado (ATC) para escoamento da safra 2014/15. Fontes de empresas ligadas à ATC disseram ao Broadcast, serviço tem tempo real da Agência Estado, que parte da frota deixou de circular na primeira quinzena de janeiro para tentar forçar tradings a pagar os novos valores, mas caminhoneiros autônomos mantiveram a oferta de frete a preços abaixo da tabela e a estratégia não surtiu o efeito desejado. Algumas empresas exportadoras chegaram a pagar mais pelo serviço para conseguir o transporte, mas não no patamar fixado.

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As fontes destacam que as transportadoras precisam voltar a operar para gerar caixa e por isso o movimento tende a perder força. A avaliação é de que com a volta gradativa dos caminhões ao mercado possíveis altas do frete devem ocorrer por conta da demanda, no pico da safra da soja em fevereiro, e não necessariamente pela imposição da tabela.

Conforme antecipou o Broadcast em dezembro, transportadores de Mato Grosso decidiram adotar uma tabela de preços de frete para as principais rotas de escoamento da produção agrícola a partir de 2 de janeiro deste ano. Os valores cobririam custos operacionais das empresas, sem considerar pedágios ou margem de cada empresa, que deve negociar esse valor com cada contratante.

Executivo de uma transportadora com sede em Lucas do Rio Verde, no Médio-Norte de Mato Grosso, que preferiu não se identificar, afirmou que a redução temporária na oferta de frete gerou alguns reajustes nas propostas de contratação do serviço, mas os preços ainda ficaram abaixo do balizador da ATC. “Algumas tradings chegaram perto, mas não no preço exato. E agora algumas transportadoras voltaram a operar a preços de mercado para não perder clientes”, disse a fonte que administra frota de 160 caminhões graneleiros.

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Esse transportador afirmou que o agenciamento de cargas, criticado pela ATC como um dos motivos para a redução dos preços de frete, ganhou força nesse período. Quando há escassez de caminhões ou, neste caso, com os preços abaixo da tabela mínima para cobrir custos da empresa, algumas empresas subcontratam caminhoneiros autônomos que prestam serviço a preços mais baixos. “Com a nossa frota própria estamos cumprindo a tabela e só transportamos para quem paga o mínimo. Mas, como também agenciamos caminhões, oferecemos fretes de terceiros a preço mais baixo”, disse a fonte.

Em Rondonópolis, na região sul de Mato Grosso, fonte de outra transportadora de grãos afirmou que os orçamentos da empresa seguem o balizador. Para fechar contrato, no entanto, precisam ceder. Ele também atribuiu aos autônomos a dificuldade de fazer com que a tabela seja cumprida. “Os autônomos continuaram trabalhando; a ideia do balizador é dos grandes frotistas”, disse.

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Tabela reflete custo de transporte

Segundo fontes ouvidas, a tabela da Associação dos Transportadores de Cargas reflete o custo real das empresas no setor. “A tabela é o valor justo, calculado entre os maiores frotistas de Mato Grosso e cobre realmente o custo do caminhão nesses destinos”, afirmou um interlocutor do setor.

O tabelamento de preços, entretanto, tem sido fortemente questionado pelo setor produtivo e por consumidores de soja. A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) afirmou que a medida contraria a livre concorrência. Em nota na última semana, a entidade afirmou que o tabelamento “prejudica e desvaloriza o pequeno frotista que consegue, em muitos casos, gerir melhor seus custos do que o grande transportador, visto que este precisa de uma estrutura maior para gerenciar sua frota e tem mais dificuldades para otimizar volumes de retorno.”

Ao Broadcast, o presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sergio Mendes, estimou que os preços da tabela estão até 25% acima dos valores de mercado e também não consideram empresas mais competitivas.