As mudanças climáticas e o aumento na demanda, sobretudo em países emergentes, tem pressionado os preços dos alimentos na última década. De janeiro de 2007 até abril de 2016, os alimentos ficaram 129%, dentro do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A inflação no mesmo período foi de 77,40%, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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“O clima mudou muito. A gente tem seca, estiagem, excesso de chuvas. Às vezes em outro País, tem problema de safra na Rússia, e isso afeta basicamente o mundo todo, por causa das exportações”, justificou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.

Por essa razão, os alimentos continuam pressionando a inflação no País, disse Eulina. A alta dos alimentos ficou em 13,40% nos 12 meses encerrados em abril, contra um IPCA de 9,28% no período.

“Os alimentos têm subido muito nos últimos anos, principalmente por causa dos problemas climáticos, não só no País, mas no mundo todo. A demanda cresceu muito nos países emergentes, como China, Índia. No Brasil também, a renda aumentou muito nesse período. Então a demanda está mais forte por alimentos”, avaliou a coordenadora.

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Em abril, houve pressão de vários itens, como a batata-inglesa (13,13%), açaí (9,22%), manteiga (6,42%), farinha de mandioca (4,65%), frutas (4,13%) e leite longa vida (4,09%).

“O que aumentou foi (alimentos no) supermercado. Os problemas climáticos têm prejudicado a safra da batata e das frutas também. E, no caso do leite, o pecuarista tem preferido usar o gado para corte. Tanto é que a carne está com preço em queda, pela maior oferta. Com isso, o leite está na entressafra, e junto com ele tem toda a cadeia de derivados do leite que ficam mais caros também”, explicou Eulina.

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Serviços

A demanda mais fraca voltou a reduzir a inflação de serviços em abril no IPCA. A taxa acumulada em 12 meses passou de 7,49% em março para 7,34% no último mês.

O resultado de abril foi o mais baixo da série histórica do IBGE, iniciada em janeiro de 2013, quando os serviços começam a pressionar o IPCA.

“A gente espera que nos próximos meses a inflação de serviços (acumulada em 12 meses) se firme nesse patamar de 7%, e esse movimento a gente pode atribuir à demanda mais fraca”, afirmou Eulina.

Nos 12 meses encerrados em abril, o IPCA foi superior à inflação de serviços, aos 9,28%. O resultado do mês também ficou acima: a inflação de serviços foi de 0,58% contra uma alta de 0,61% do IPCA.

As passagens aéreas voltaram a subir (1,43% em abril), o telefone celular aumentou 4,01%, enquanto a alimentação fora de casa ficou 0,99% mais cara.