O rebaixamento da nota de crédito do Brasil ocorrido há uma semana teve influência praticamente nula na emissão externa feita nesta quinta-feira, 18, pelo governo brasileiro, que reabriu o bônus denominado Global 2047, com prazo de 30 anos. Além de a emissão ter sido mais barata do que na data original de lançamento do papel, a demanda ficou em torno de quatro vezes maior do que o volume emitido (US$ 1,5 bilhão), segundo informações do Tesouro Nacional.

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Inicialmente a expectativa era emitir cerca de US$ 1 bilhão em bônus, mas as condições favoráveis do mercado proporcionaram a ampliação desse volume.

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O resultado, considerado um sucesso pelo governo, foi recebido como evidência do apetite dos investidores e também da confiança na recuperação da economia. A avaliação é de que as taxas praticadas na operação desta quinta foram bastante favoráveis ao País. Embora não sejam as mínimas históricas, elas foram inclusive melhores do que em emissões de títulos de mesmo prazo (30 anos) feitas no passado, quando o País ainda detinha o selo de bom pagador (o chamado grau de investimento), perdido em 2015.

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A taxa de retorno ao investidor (yield) na emissão ficou em 5,600% ao ano, contra 5,875% ao ano no lançamento do papel, em julho de 2016. Em 2009, com grau de investimento, o governo brasileiro emitiu o Global 2041, com prazo de 30 anos, a uma taxa de 5,800% ao ano.

A captação desta quinta-feira foi um teste depois do rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela agência de classificação S&P Global Ratings, anunciado no dia 11. Com a decisão, o País está três níveis abaixo do grau de investimento. Já havia a expectativa de que o downgrade não tivesse papel determinante na operação porque a reação dos preços dos ativos brasileiros nos mercados foi praticamente nula após o anúncio da piora da nota.

Na avaliação do governo, o resultado da emissão é um reconhecimento do mercado a fatores que a própria S&P mencionou em seu comunicado, como a perspectiva de retomada do crescimento e o controle da inflação, fatores positivos da economia brasileira. O papel brasileiro também se mostrou um investimento atrativo diante das demais opções do mercado. Entre países emergentes, México, Equador e Argentina também acessaram o mercado neste início de ano.

Com a captação desta quinta, o governo quer reforçar a taxa de referência (benchmark) com prazo de 30 anos. A taxa dos juros da emissão soberana serve de parâmetro para as operações corporativas. O mês de janeiro é tradicionalmente bom para as emissões externas.

O governo não precisa captar recursos no exterior para honrar seus compromissos com a dívida. O espírito dessas operações é dar a referência de taxa de juros para os dois prazos de vencimentos para as emissões das companhias: 10 anos e 30 anos. A ultima captação externa foi em outubro, com a oferta do Global 2028.