O economista e ex-ministro da Fazenda Delfim Netto afirmou, na manhã desta terça-feira, 24, que há uma perda de credibilidade do governo na visão do setor privado brasileiro. Entre as causas, Delfim apontou inicialmente “financiamentos questionáveis do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Caixa Econômica Federal”. “Hoje, 9% da dívida bruta são empréstimos do BNDES”, disse.
Ele continuou a lista de fatores que causam a baixa credibilidade: “Se transformou a dívida pública em receita pública. Se abusou da ideia de que a sociedade era tola”. Delfim afirmou também, em evento organizado pela Eurocâmaras, em São Paulo, que as intervenções feitas pelo governo na economia foram todas feitas “com as melhores intenções”, mas “na base do cabo de guerra”.
“Se destruiu a Petrobras, por conta de não ter corrigido preço do combustível”, continuou, citando ainda “a infraestrutura que não deslancha” e “as expectativas de crescimento não confirmadas”.
Ele disse, porém, que há críticas “exageradas” dos que afirmam que o ministro Guido Mantega faz muitas previsões. “Quem não faz previsões? Os senhores fazem”, comentou, para uma plateia de empresários. “Se você faz a barra toda semana, não percebe que está velha”, afirmou Delfim, mencionando as revisões da pesquisa Focus divulgadas na segunda-feira, 23.
O economista voltou a fazer críticas ao programa de concessões, conforme entrevista concedida na última semana ao Broadcast. “Você não pode fixar ao mesmo tempo qualidade e taxa de retorno”.
Ao final do evento, Delfim afirmou que é preciso “melhorar o entendimento” entre setor privado e governo. “O governo acha que os senhores são um bando de ladrões, egoístas. E os senhores acham que o governo só pensa em capitalismo com lucro zero. Os dois estão errados.”