?A sociedade precisa ser informada sobre a posição do governo federal frente à questão do salário mínimo, pois um novo modelo de desenvolvimento não se implanta por decreto?, afirmou ontem, em Curitiba, o delegado regional do Trabalho, Geraldo Serathiuk. Segundo ele, a opinião pública deve levar em conta que, quando o presidente Lula assumiu o poder, o País passava por um período recessivo caracterizado por altos índices de desemprego, trabalho informal, salários baixos, altos índices de acidentes e ?trabalho indecente?. ?Precisamos entender que o atual crescimento econômico vai aumentar a arrecadação e, com isso, criar condições para o aumento do salário mínimo?, justificou.
É nesse contexto, de acordo com Serathiuk, que o ministro do Trabalho e Emprego, Ricardo Berzoini, está chamando as centrais sindicais para discutir a Lei de Recuperação do Salário Mínimo. ?Estudos do Ipardes mostram que, nos últimos anos, o Paraná teve uma melhora do nível de escolaridade da massa trabalhadora e, paralelamente, diminuição dos salários e aumento dos acidentes de trabalho e da informalidade – o que prova que a recessão econômica cria desemprego e, por conseqüência, salários baixos. Isso leva o trabalhador ao desespero, a aceitar trabalho sob condições precárias?, ressaltou.
Como exemplo, citou a Região Metropolitana de Curitiba, para onde trabalhadores foram atraídos em busca de emprego. ?Ocorre que o setor produtivo implantado nessa região é de alta tecnologia, que usa pouca mão-de-obra. O resultado foi o aumento das taxas de desemprego e criminalidade, degradação ambiental e condições de moradia desumana?, disse.
Outro fator que ajuda a explicar a crise, verificada também em outras regiões do Estado, foi a concessão de crédito e incentivos fiscais para empresas urbanas e rurais de alta tecnologia, que também geram pouca mão-de-obra e afetam o trabalhador e a renda. ?Também aqui não melhoraram os níveis de arrecadação e a riqueza se concentrou mais. Não foi por acaso que as prefeituras e o governo estadual perderam a capacidade de investir na área social e de infra-estrutura nos últimos anos?, analisou.
O quadro econômico atual, afirma o delegado regional do Trabalho, é diferente. ?Temos que admitir que o novo modelo de desenvolvimento – que está sendo implantado de forma democrática com a pulverização do crédito, política fiscal e de incentivo a arranjos produtivos dos setores que geram emprego e renda – é a razão do aumento do emprego formal?, diz.
Para Serathiuk, o desafio atual é discutir se as alternativas de crescimento que se pretende são adequadas ao país. ?Até os anos 80, o Brasil cresceu a taxas médias de 7% mas de acordo com um modelo desenvolvimentista autoritário – com altos índices de desemprego, informalidade e trabalho precário e sem participação dos sindicatos, que precisam intervir agora no processo para conseguirmos aliar crescimento com trabalho formal e decente?, concluiu.