A deflação de 0,03% nos preços industriais atacadistas conduziu à taxa menor da primeira prévia do IGP-M, que passou de 0,99% para 0,75% de setembro para outubro. Segundo o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, o setor industrial está sendo influenciado pelo fim do impacto do reajuste do minério de ferro, cujo preço agora começa a cair (de 4,98% para -3,23%). Além disso, outro fator está puxando para baixo os preços industriais: a influência cambial. O dólar fraco tem causado desacelerações e quedas de preços em produtos que sofrem influência das oscilações da moeda norte-americana.
De acordo com Quadros, os itens que mais estão sofrendo impacto da desvalorização do dólar estão no setor siderúrgico. Das cinco principais quedas de preço no setor atacadista, quatro são originadas do setor de metalúrgico. “O câmbio está empurrando para baixo os preços de vários produtos na cadeia industrial; mas, dentro dos industriais, o setor siderúrgico é o que mais conta com exemplos (do efeito cambial)”, afirmou o técnico da fundação.
A movimentação de quedas e desacelerações de preços no setor industrial ajudou a conter o impacto da aceleração da inflação agropecuária no atacado – que quase dobrou da primeira prévia de setembro para igual prévia em outubro (de 2,28% para 4,15%). Isso porque o setor industrial pesa três vezes mais do que o setor agropecuário no cálculo da inflação atacadista, que representa 60% do total do IGP-M. “Por isso, a inflação atacadista desacelerou (de 1,44% para 1,00%) da primeira prévia de setembro para igual prévia em outubro”, afirmou.
Para o especialista da fundação, os preços agropecuários não devem continuar a subir na mesma magnitude em outubro. “Não é uma certeza, mas acho que os preços das commodities agrícolas no atacado estão começando a subir menos, agora em outubro, na ótica dos Índices Gerais de Preços (IGPs). Creio que estes preços podem continuar a subir de preço este mês, mas não com a mesma força que subiram em setembro”, avaliou.
Quadros comentou que, caso o cenário do IGP-M ao longo deste mês se mantenha parecido com o apurado na primeira prévia de outubro, o indicador pode estar caminhando para uma taxa menor do que a apurada em setembro (1,15%). “Se isso prosseguir, há uma grande chance de isso acontecer”, afirmou.