Um dia antes do anúncio mais esperado do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) sobre os juros, a segunda prévia de junho do IGP-M (Índice Geral de Preços de Mercado) registrou deflação histórica. O índice, medido pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), apurou deflação de 0,66% nos preços, bastante superior ao recuo de 0,28% visto na segunda prévia de maio. Essa é a maior deflação para uma segunda prévia da história do IGP-M, cuja série foi iniciada em julho de 1989.

Desde a segunda prévia de maio o IGP-M apresenta sucessivas deflações.

No ano, o IGP-M acumula taxa de 6,27%. Nos últimos 12 meses, o índice alcança alta de 28,68%.

Os preços no atacado foram os responsáveis pela redução de preços. O IPA (Índice de Preços no Atacado) registrou deflação de 1,19% na segunda prévia de junho após apresentar queda de 0,79% na segunda previa do mês passado.

Os preços ao consumidor registraram alta, porém menor que a observada em maio. O IPC (Índice de Preços ao Consumidor) passou de uma alta de 0,72% para 0,17% entre as segundas prévias de maio e junho.

O INCC (Índice Nacional do Custo da Construção), que registrara variação de 0,68% na segunda prévia de maio, atingiu 0,85% na segunda prévia de junho.

A segunda prévia de junho do IGP-M foi calculada com base em preços coletados entre os dias 21 de maio e 10 de junho.

O IGP-M é formado pelo IPA, IPC e INCC, cujos pesos são de 60%, 30% e 10%, respectivamente.

Dólar em queda

A expectativa de entrada de US$ 1,5 bilhão no país fez o dólar comercial fechar ontem em queda de 0,31%, vendido a R$ 2,866, em um dia de poucos negócios devido à espera pela decisão sobre a taxa básica de juros, hoje.

A baixa da moeda americana se firmou na reta final, após a ação de investidores para forçar uma alta das cotações, na estratégia clássica de inflar a taxa média de câmbio (ptax), a ser usada hoje pelo governo para liquidar uma dívida de US$ 1,03 bilhão.

No final, prevaleceu a avaliação de que o ingresso de divisas nas próximas semanas deixará o dólar abaixo do nível de R$ 3 com um piso de R$ 2,85.

Só um corte acima de meio ponto na taxa Selic (hoje em 26,5% ao ano) poderia estressar o mercado, pois iria sugerir um interferência política e um relaxamento da política monetária.

A avaliação externa também foi positiva e ajuda a explicar a queda do dólar. Ontem, pelo segundo dia seguido, o risco Brasil operou em queda, abaixo de 700 pontos. Isso sinaliza melhores condições e baixos custos para tomar empréstimos no exterior.

Hoje, o mercado vai acordar reagindo aos dois novos índices de inflação – nova prévia do IGP-M e do IPC-Fipe. Esses números são considerados decisivos para a análise do Copom (Comitê de Política Monetária), antes do anúncio oficial sobre os juros, previsto para o início da tarde.

Palocci defende “decisão técnica”

O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, defendeu ontem em Assunção (Paraguai), uma decisão técnica do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) sobre os juros básicos da economia, a taxa Selic (a decisão deve ser anunciada hoje). O ministro destacou a recuperação da economia do país, que, segundo ele, “saiu da crise aguda”, e lembrou que os mesmos agentes econômicos que cobram a redução da Selic devem parar de remarcar preços.

Segundo o ministro, qualquer que seja o caminho a ser tomado, haverá tranqüilidade e serenidade por parte dos técnicos do Banco Central.

“Temos a convicção de que o ajustamento fiscal e monetário feito durante este semestre teve resultados muito significativos. A inflação está convergindo para as metas e isto é o mais importante. Ou seja, o esforço realizado pelo país tirou o Brasil da crise aguda que começou no final do ano passado”, disse Palocci.

O ministro lembrou que, atualmente, o risco Brasil está abaixo de 700 pontos e o país já tem acesso aos mercados internacionais. Ele disse, ainda, que enquanto a inflação registrada no período de novembro de 2002 a fevereiro de 2003 chegou a 40%, hoje o Banco Central prevê, para os próximos doze meses, um índice de 7,76%.

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