Portugal anunciou ontem à noite um déficit orçamentário de 9,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2009, maior do que o esperado, e lembrou aos investidores que a Grécia não é o único país da zona do euro com problema fiscal. O resultado pressionava o euro e elevava o custo de proteção contra default da dívida do país nesta manhã.
Enfrentando pressão para reparar suas finanças, o governo português prometeu reduzir o déficit para 8,3% do PIB este ano. Na apresentação do plano orçamentário para 2010, o ministro de Finanças do país, Fernando Teixeira dos Santos, descartou que haverá um aumento generalizado de impostos e disse que promoverá um rígido controle de custos. “Temos de prosseguir com políticas que ajudem a economia”, afirmou.
O ministro acrescentou que o déficit maior do que o esperado no ano passado resultou de um declínio também maior do que o esperado da arrecadação. Em 2010, o governo tentará limitar os gastos por meio do congelamento de salários de empregados do setor público e da tentativa de reduzir a folha de pagamento do governo.
No tocante a novas fontes de receita, Portugal planeja criar um imposto de 50% sobre bônus pagos em 2010 para os executivos de alto escalão das instituições financeiras e retomar um programa de privatizações paralisado durante a crise. O plano orçamentário de Portugal para 2010 projeta aumento da relação dívida/PIB para 85,4%, de 76,6% em 2009. Para o PIB, a estimativa é de expansão de 0,7%, após queda de 2,6% em 2009.
A Comissão Europeia deu a Portugal até 2013 para reduzir o déficit para menos de 3% do PIB, o limite máximo aceito pelas regras da União Europeia. A Comissão projeta que o país terá um déficit de 8% do PIB em 2010.
No mês passado, a Moody’s e a Standard & Poor’s alertaram para possíveis rebaixamentos no rating de dívida de Portugal. “Todo mundo tem se concentrado na Grécia, mas agora as pessoas estão acordando para o fato de que não se trata apenas da Grécia”, disse o analista de câmbio Ian Stannard, do BNP Paribas. As informações são da Dow Jones.