O chefe adjunto do Departamento Econômico do Banco Central, Fernando Rocha, previu nesta sexta-feira, 30, que o déficit nominal deve chegar a 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015. No fechamento de 2014 ficou em 6,7% do PIB.

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Questionado sobre se o governo temia que o País sofresse um downgrade de rating das agências de classificação de risco este ano, o técnico explicou que essa perspectiva não faz parte dos parâmetros do BC. “Não levamos em consideração cenário de piora de rating do País”, afirmou durante entrevista coletiva.

Endividamento

De acordo com Rocha, o resultado ruim do setor público levou a um aumento do endividamento. A dívida bruta atingiu o maior patamar da série histórica do BC, iniciada em 2001, ao atingir 63,4% do PIB em dezembro de 2014. Isso significa um incremento de 0,4 ponto porcentual em relação a novembro e 6,6 pontos porcentuais acima de dezembro de 2013. A dívida líquida subiu 0,5 ponto porcentual de novembro para dezembro do ano passado e teve um incremento de 3,1 pontos porcentuais em relação a dezembro de 2013.

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Rocha destacou que o aumento do endividamento é resultado do pior déficit primário do setor público consolidado para meses de dezembro desde 2008, quando o resultado negativo havia sido de R$ 20,95 bilhões. No mês passado, ficou negativo em R$ 12,894 bilhões. A conta de juros e o resultado nominal em dezembro foram os piores da série histórica do BC.

O resultado fechado de 2014 também foi muito ruim. Além de ser o primeiro déficit anual da história, o pagamento de juros foi o maior em valores nominais e o pior desde 2007 em relação ao PIB (6,11%). Em 2014, os gastos com juros representaram 6,07% do PIB. O déficit nominal em 2014 também atingiu os piores números. “Qualquer que seja a métrica, são os maiores déficits nominais registrados na série histórica”, disse Rocha.

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Tendência

De acordo com o economista, a tendência de elevação do endividamento do setor público deve continuar em 2015. A dívida líquida encerrou o ano passado em 36,7% do PIB, enquanto a bruta ficou em 63,4% do PIB.

Para este mês, ele projetou que a dívida bruta do governo geral vá ficar em 63,6% do PIB. Rocha também projetou que a dívida líquida do setor público terminará em 37,3% do PIB em janeiro. Para fazer as projeções, o técnico levou em consideração um câmbio de R$ 2,58.

Para o ano, o economista previu uma dívida bruta do governo geral de 65,2% do PIB. No caso da dívida líquida do setor público, a estimativa ficou em 38,2% do PIB para 2015. Para fazer estas expectativas, o BC utilizou a hipótese de superávit fiscal de 1,2% do PIB e os demais parâmetros, como IPCA, câmbio, etc, as estimativas do mercado financeiro que constam da Focus.