O déficit em transações correntes de US$ 25,44 bilhões registrado no balanço de pagamentos do Brasil com o exterior no primeiro semestre de 2011 é o pior da série, informou hoje o Banco Central (BC). A série para esse indicador começou em 1947. Para o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel, a despeito do aumento do déficit, ele vem acompanhado de um fluxo de Investimento Estrangeiro Direto (IED) no País expressivo, que cobre com folga o saldo negativo em conta corrente.
Segundo Maciel, o ingresso de IED no primeiro semestre – US$ 32,47 bilhões – é o maior da série, como também o ingresso acumulado em 12 meses, de US$ 68,81 bilhões. Maciel destacou que a melhor fórmula de financiamento do déficit em transações correntes é por meio do IED, que é um recurso que ingressa no País com mais estabilidade e é incorporado à atividade produtiva da economia, portanto menos sujeito a oscilações e mudança de conjuntura.
Maciel explicou que o comportamento da conta corrente em junho, que registrou déficit de US$ 3,3 bilhões, foi semelhante ao registrado ao longo dos últimos meses e no primeiro semestre deste ano.
Na sua avaliação, essa ampliação do déficit em conta corrente reflete a continuidade do crescimento da economia, o que faz com que haja um incremento da demanda por bens e serviços do exterior, tanto para consumo como para novos investimentos.
Na parte de consumo, Maciel destacou que a parte de despesas com viagens internacionais apresentou crescimento significativo nos seis primeiros meses do ano, pressionando a conta de serviços. Também tem havido, segundo ele, um incremento da importação de bens duráveis e isso ocorre por conta do aumento do rendimento e do emprego dos brasileiros que elevam o crescimento da demanda.
Do lado dos investimentos, ele destacou a elevação da importação de máquinas e equipamentos e, na conta de serviços, maior despesas com o aluguel de equipamentos no exterior. Esses gastos tendem a continuar crescendo, pressionando a conta de transações correntes.