O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse hoje que o governo está atento ao aumento do déficit em conta corrente em diversos países ao redor do globo, o que, segundo ele, representa um risco mundial. “A evolução do déficit em conta corrente (global) é algo que estamos observando com atenção”, afirmou. “Não há dúvida de que existe essa preocupação geral. Este é um risco para todos os países”, disse, durante encontro com jornalistas no Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington, onde está desde quinta-feira, participando de reuniões anuais do FMI e do Banco Mundial.

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Segundo Meirelles, o governo brasileiro está tomando providências nesse sentido, adquirindo o excesso de liquidez externo por meio da compra de divisas e acúmulo de reservas.

O presidente do Banco Central disse que o Brasil adotou medidas prudenciais para evitar que a canalização de liquidez pelo sistema financeiro contamine a economia, acelere o processo de déficit em conta corrente e crie um endividamento excessivo. “(O governo) está trabalhando para manter a economia equilibrada”, afirmou.

Monitoramento

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Meirelles disse apoiar o papel do FMI como fiscalizador de instabilidades nas economias mundiais. “Não é esta a (única) função do Fundo, mas ‘uma’ função do FMI que é muito importante em um contexto em que se discute a questão dos desequilíbrios globais e como corrigi-los”, afirmou. “Então, um dos papéis importantes é aquele que vai monitorar essa evolução, que vai apontar desequilíbrios crescentes. Só uma organização multilateral pode fazer esse trabalho”, acrescentou.

O diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, disse, na sexta-feira, que o Fundo irá ajudar a resolver os desequilíbrios que estão causando conflitos de moedas ao redor do mundo. Segundo ele, o FMI irá trabalhar com “relatórios de contaminação” (spillover reports) para mostrar a ligação entre as economias e entender os dois lados da moeda quando se trata de resolver conflitos.

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O foco maior dos relatórios do FMI deverá estar nas economias dos Estados Unidos, China, Reino Unido, Japão e zona do euro e irão mostrar, por exemplo, efeitos da política monetária dos EUA no fluxo de capital para outros países ou de planos de austeridade fiscal ou de maior estímulo fiscal adotados em alguns países

Meirelles retorna hoje ao Brasil e amanhã tem reuniões agendadas em São Paulo.