As fabricantes de autopeças brasileiras têm 33% de suas vendas externas voltadas para a Argentina. De janeiro a agosto, registraram 28,4% de queda nos valores exportados ao país, para US$ 1,86 bilhão. Esse desempenho negativo tem forte impacto no resultado da balança comercial do setor, que deve encerrar o ano com déficit recorde de US$ 10 bilhões. Até agosto, o saldo negativo estava em US$ 6,6 bilhões, segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças).

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No caso das montadoras, a situação também é complicada pois, além da falta de dólares para pagar as exportações, a Argentina lançou recentemente um plano de incentivo à compra de carros apenas para modelos produzidos localmente. No mês passado, a General Motors suspendeu as exportações para o país e só vai retomar quando houver demanda, informa Jaime Ardila, presidente da GM América do Sul. No ano passado a empresa exportou 80 mil veículos para o mercado argentino, volume que este ano não deve passar de 30 mil.

“A crise na Argentina impactou fortemente nossas exportações, com queda de 50% neste ano, afetando diretamente nossa produção”, afirma Philipp Schiemer, presidente da Mercedes-Benz do Brasil. “Por esse motivo, juntamente com a atual situação do mercado brasileiro, tivemos de adequar nosso volume de produção e adotar diversos mecanismos para conviver com essa queda na demanda, como PDV, semana curta, folgas e lay-off.”

Na PSA Peugeot Citroën, as vendas para a Argentina respondem por 30% a 35% da produção e caíram 35% em relação a 2013. O grupo também exporta para Uruguai, Paraguai e Colômbia, mas a Argentina é a maior compradora de produtos da marca.

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Para adequar sua produção às vendas internas e às exportações, a PSA encerrou o terceiro turno de trabalho, colocou 650 trabalhadores em lay-off e depois todos eles deixaram a fábrica num programa de PDV.

Exceção

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A Toyota é uma exceção. Ricardo Bastos, gerente-geral de relações governamentais diz que a empresa reduziu em 30% as vendas do modelo Corolla para a Argentina, mas, em compensação, aumentou as do Etios, lançado no fim de 2012. Com isso, os resultados são positivos, com alta de 20% nas exportações em relação a 2013.

Ele admite que o Brasil é muito dependente da Argentina, em parte porque o crescimento do mercado interno até 2012 tirou o “ímpeto” das exportações. “Agora a situação mudou; o mercado brasileiro não está crescendo e a Argentina está deixando de ser interessante”. A saída é tentar retomar mercados na América do Sul, ação que a Toyota vem trabalhando com afinco, diz o executivo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.