Déficit dos EUA é de US$ 2 bi/dia

Washington (AFP) – O déficit comercial americano bateu um novo recorde em novembro, chegando a mais de 60 bilhões de dólares, cerca de 2 bilhões de dólares diários, devido aos preços do petróleo e à incapacidade das empresas de aproveitar a debilidade do dólar. Naquele mês, o balanço entre as exportações e as importações registrou um déficit recorde de 60,3 bilhões de dólares, o que significa uma alta de 7,7% em relação aos 56 bilhões do mês anterior.

Em 11 meses (de janeiro a novembro), os Estados Unidos acumularam assim um déficit comercial de 561,3 bilhões de dólares, quantia superior a todo o ano de 2003 (496,5 bilhões de dólares). O ano de 2004 registrará, portanto, um déficit comercial próximo a 600 bilhões de dólares. As exportações de bens diminuíram 3,8% em novembro em relação a outubro, em especial as de automóveis, aviões, equipamentos de telecomunicações e máquinas industriais.

Em relação a novembro de 2003, o aumento das exportações foi de 6%, enquanto que as importações aumentaram 19,8%, segundo o Departamento de Comércio.

Somente as importações de petróleo aumentaram 11,8% em novembro, num nível recorde de 19,4 bilhões de dólares.

O novo recorde pode ser comparado "a um Grand Canyon dos déficits comerciais", segundo o economista independente Joel Naroff, que resume assim a situação: "compramos mais de praticamente tudo e vendemos menos de praticamente tudo".

Os produtos chineses continuam sendo muito apreciados nos Estados Unidos. A China ficou novamente na primeira posição da lista dos déficits de intercâmbios comerciais, com um "aguaceiro" de 16,6 bilhões de dólares em novembro. O aumento do déficit reduzirá a taxa de crescimento econômico americano no quarto trimestre, segundo os economistas.

Apesar disso, a Casa Branca segue mostrando serenidade. O secretário do Tesouro, John Snow, pediu às outras potências econômicas a atuarem para melhorar suas taxas de crescimento. "O déficit comercial reflete duas coisas: que nossa economia está crescendo num ritmo muito rápido e que temos um crescimento mais forte que o de nossos sócios comerciais", declarou Snow à imprensa, ontem. "Necessitamos que a Europa e o Japão sejam um motor do crescimento mundial", ressaltou.

Mas "não se pode explicar a piora da posição comercial unicamente pelo fato de que a economia americana vive um crescimento mais rápido que o resto, não é correto", opinou John Lonski, economista da Moody?s Investors Services.

Se os industriais não se beneficiaram da forte depreciação do dólar em relação ao euro e ao yen, "é porque houve uma perda de competitividade para uma certa quantidade de produtos fabricados nos Estados unidos", estimou.

"Os industriais americanos tiveram uma vantagem competitiva sob a forma de uma taxa de câmbio muito favorável, mas não foram capazes de explorar esta vantagem para melhorar suas exportações", precisou. "Isso é particularmente certo para o setor automotivo, porque não se importam automóveis da China. Bom, ainda não, pelo menos", concluiu.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo