A disparada do preço do petróleo deve aumentar a defasagem entre os preços praticados no Brasil e no mercado internacional e poderá levar a Petrobras a reajustar os combustíveis em breve. A previsão é do economista Fábio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores. ?Não descartaria a hipótese de reajustes?, disse Silveira.
Segundo o economista, a defasagem no preço da gasolina é, em média, de 18%, enquanto a do óleo diesel chega a 25%. Ele ressalta, no entanto, que os reajustes não viriam nessa magnitude. ?Se viessem, poderíamos esquecer a meta inflacionária?, observou. Para ele, os reajustes virão em parcelas, com um primeiro de cerca de 5%. ?Depois de três, quatro ou cinco meses, (a Petrobras) poderia pensar em outro reajuste e jogaria a pressão inflacionária para o ano que vem.
Silveira disse ainda que o petróleo é hoje o maior risco para a inflação global, e algumas matérias-primas agrícolas, como açúcar, soja e café, e metálicas atingiram o auge dos preços em março e podem parar de subir daqui para a frente. Na opinião do economista, está cada vez mais difícil prever um teto para o petróleo, e os preços podem ?ir para a lua? com o descontrole do mercado financeiro. ?Nesse estágio de ultranervosismo, podemos esperar tudo. Trata-se de um mercado que perdeu o referencial e não há preço de equilíbrio.
Segundo ele, é possível que nos próximos dias a commodity supere os US$ 120, podendo chegar perto de US$ 125. Ontem, o barril na Bolsa de Nova York (Nymex) bateu o recorde de US$ 119,90. ?Há efeito manada, com investidores bastante desorientados. Há incerteza muito grande, apesar da ação do Fed (BC americano), do Banco Central Europeu (BCE) e do Banco Central da Inglaterra (BOE). ?Todas as ações atenuam, mas não removem o temor de que notícias piores poderão surgir?, comentou.