Investidores da B3 estão em compasso de espera pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) e ainda pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Além da decisão sobre juros norte-americanos, seguida de entrevista coletiva do presidente do Fed, Jerome Powell, à tarde, a autoridade monetária fez na manhã desta quarta-feira, 18, leilão de recompra de títulos pelo segundo dia seguido.
Na terça-feira, 17, a medida para tentar conter as taxas de curto prazo, gerando liquidez, causou surpresa, chegando a deixar a curva de juros dividida entre queda de 0,25 ponto e manutenção do juro nos EUA neste encontro. No entanto, analistas acreditam que a redução será mesmo de 0,25 ponto, mas ficarão à espera do comunicado e ainda das palavras de Powell sobre as perspectivas para a maior economia do planeta.
No Brasil, a expectativa é de redução da Selic em 0,50 ponto porcentual, mas economistas ficarão atentos ao texto do BC divulgado logo depois da definição do juro. A visão é de que o cenário de inflação tem se mostrado benigno, o que permite ao BC levar a Selic a patamares mais baixos, observa em nota o Bradesco. “Ainda há alguns riscos no radar, como os efeitos dos eventos geopolíticos no Oriente Médio e da peste suína africana sobre os preços de combustíveis e alimentos, mas o cenário tem evoluído de maneira muito favorável.”
“A expectativa de queda da Selic e dos fed funds já está precificada. Então, será preciso acompanhar o comunicado para ver as avaliações dos BCs sobre o quadro externo, que tem exigido atenção desde o impasse comercial entre EUA e China”, avalia um analista.
No entender da LCA Consultores, o aumento de tensões internacionais e a possibilidade de flexibilização de regras fiscais não diminuem o espaço para a redução da Selic no curto prazo. Primeiro, explica, porque, ao contrário do que vem ocorrendo nos EUA, no Brasil o mercado de trabalho continua a operar sob significativa ociosidade e a inflação segue bem abaixo do centro da meta. Depois, acrescenta, porque o ambiente externo tende a continuar a exercer pressão majoritariamente desinflacionária sobre a economia do Brasil.
Diante da expectativa de recuo no juro básico brasileiro, as ações de varejistas e do setor bancário tendem a ficar no centro das atenções, à medida que a redução pode estimular as vendas do comércio, os financiamentos e a busca por crédito, cita Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença DTVM. “Mas hoje o minério fechou em queda na China -0,77% no porto de Qingdao e o petróleo também cai, à medida que não tem novidades em relação à Arábia Saudita, a não ser que a produção deve ser retomada em semanas. Então, a Bolsa pode ficar um pouco de lado, com tendência de baixa, até a definição do Fed”, estima.
Às 11h06, o Ibovespa caía 0,20%, aos 104.408,11 pontos.