A manutenção do preço da gasolina pela Petrobras, considerando que apenas o do diesel foi reajustado, representou surpresa para analistas que acompanham a empresa. “Inicialmente, estimamos aumentos de preços de 8% para a gasolina e de 5% para o diesel em janeiro. Portanto, enquanto o reajuste do diesel ficou em linha com a nossa expectativa, a manutenção do preço da gasolina foi uma surpresa para nós”, escreveram Filipe Gouveia e Osmar Camilo, do Bradesco BBI.

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A equipe de análise do Brasil Plural escreveu, em comentário a clientes, que a falta de reajuste nos preços da gasolina, que foi vendido a um prêmio “significativamente menor” na comparação com o diesel, deve confundir o mercado, elevando as incertezas sobre como os ajustes são decididos.

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“Após o recente aumento do preço do petróleo, parcialmente compensado pela apreciação do real, o mercado estava antecipando algum ajuste no preço do combustível, mas mais forte na gasolina do que no diesel. De fato, antes do anúncio, estimávamos o prêmio de gasolina em cerca de 4%, enquanto o diesel estava sendo vendido com prêmio em torno de 12% para os mercados internacionais. É importante notar que o diesel é mais relevante para os resultados da Petrobras, já que o volume de vendas de diesel é 50-60% maior em relação ao da gasolina”, avalia o Brasil Plural, em comentário.

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Os analistas da Coinvalores escreveram no diário matinal da corretora que, considerando a expectativa do mercado de reajuste no preço da gasolina, o evento demonstrou que a fórmula de paridade de preços ainda não está clara e que continua difícil prever a trajetória.

“Com isso, a notícia pode trazer alguma pressão para seus papéis no pregão de hoje. Contudo, ainda que a métrica de reajuste de preços não esteja tão clara, mantemos visão positiva para suas operações, pois a realização de reajustes periódicos e o plano de desinvestimentos configuram um cenário mais promissor daqui em diante”, acrescenta o diário matinal da Coinvalores.

Os analistas do Bradesco BBI ressaltam que, apesar da surpresa, o resultado líquido ainda é positivo, representando 4% do Ebitda de 2017 (ou US$ 1,2 bilhão). “Pode-se argumentar que a Petrobras não está aumentando os preços da gasolina para combater a inflação, argumento com o qual discordamos, já que a empresa tem uma política de preços (e não uma fórmula) que considera uma margem não revelada para os riscos associados à operação”, avaliou o banco.

Outra leitura, segundo os analistas, seria qual o preço internacional da gasolina a Petrobras usa como comparação. “Nossa estimativa de um aumento de 8% no preço da gasolina considerava a referência do GoM, que teve aumento de 7% desde o último ajuste de preços em 5 de dezembro de 2016. No entanto, se considerarmos a referência europeia (que poderia ser uma referência para as importações de combustíveis por razões logísticas), o preço registrou um aumento menor, de 4%”.

Após a mudança, os analistas projetam que o diesel doméstico está sendo comercializado com um prêmio de 9,1% para a referência internacional, e a gasolina, com um desconto de 3,8%.