A eventual estatização da montadora General Motors (GM) nos Estados Unidos, com mais da metade das ações nas mãos do governo norte-americano, ou mesmo a concordata – se for o que restar à empresa – não deve alterar a rotina do grupo no Brasil, disse o presidente da empresa, Jaime Ardila. “Em nenhum cenário, a subsidiária brasileira será envolvida”, disse ele.
Se os credores aceitarem a oferta de troca de dívidas por ações ordinárias (ON), apresentada ontem, o Departamento do Tesouro dos EUA ficará pelo menos com 50% das ações da GM. Ardila acredita, porém, não ser intenção do governo manter os papéis em seu poder. “O governo certamente vai colocar as ações à venda no mercado.” De acordo com o executivo, se os credores não aceitarem a oferta de troca e a saída for a concordata, só a operação norte-americana será incluída no processo. A Justiça dos EUA não poderá acionar o Brasil ou qualquer outra subsidiária como parte dos ativos da companhia para cobrir dívidas locais.
O ex-vice presidente da GM e hoje consultor André Beer, da André Beer Consult, confirmou que a unidade segue o regime das leis brasileiras e não poderá ser incluída em um processo de recuperação judicial da matriz. O diretor de operações globais da consultoria Global Insight, Tim Armstrong, reforçou que “não haverá um colapso de todas as unidades da GM só porque a operação americana está falida”. Ele lembrou que, atualmente, a GM vende mais da metade de sua produção fora dos EUA e a marca tem uma posição melhor no resto do mundo do que no país onde nasceu. Na China, por exemplo, detém 12% das vendas.
No Brasil, onde responde por 19,2% do mercado total de automóveis e comerciais leves, a empresa prepara uma nova família de veículos que receberá investimentos de mais de US$ 500 milhões. O projeto, com lançamento previsto para 2012, será anunciado em meados de junho deste ano. Já uma outra nova linha de produtos, por enquanto chamada de Viva, terá seu primeiro lançamento em setembro de 2009 e faz parte de um aporte anterior de US$ 1,5 bilhão que será aplicado até o próximo ano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.