Décimo terceiro injeta 30,5 bi na economia

São Paulo

– A economia deverá receber uma injeção extra de R$ 30,5 bilhões este ano por conta do pagamento do 13.º salário, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese). Esse valor corresponde a 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB), estimado em R$ 1,2 trilhão. Além disso, mostra um crescimento nominal de 8 9% em relação a 2001, ou R$ 2,5 bilhões a mais de recursos. Para o comércio, esse dinheiro deverá estimular as vendas deste Natal.

Do total, cerca de R$ 21,3 bilhões (70%) devem entrar no mercado até 20 de dezembro, prazo legal para o pagamento do abono. De acordo com o Dieese, os outros 30% já foram absorvidos dado que muitas empresas adiantam a primeira parcela no meio do ano ou nas férias dos empregados.

O presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) Alencar Burti, acredita que a maior parcela do dinheiro do 13.º deverá ser destinada para compras de fim de ano. Segundo ele, boa parte dos consumidores pagou suas dívidas com o dinheiro dos expurgos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Até o mês passado, 2,131 milhões de consumidores inadimplentes na cidade de São Paulo haviam conseguido renegociar ou quitar suas dívidas, reabilitando-se para novas compras a prazo. O número é 26,6% maior do que o registrado nos dez primeiros meses do ano passado. Nesse mesmo período, o registro de novos carnês com atraso superior a 30 dias cresceu bem menos, apenas 8,2%.

“Além disso, o clima de otimismo em torno do novo governo deve funcionar como um incentivo a mais. Por isso, as previsões, que eram de repetir os resultados do ano passado, devem acabar se convertendo num ganho de pelo menos 2%”, diz Burti.

A Lojas Riachuelo, por exemplo, prevê vender este ano 20% mais do que no último trimestre de 2001, de acordo com o vice-presidente da empresa, Flávio Rocha. Na Lojas Cem, a expectativa é de faturar 15% mais do que no Natal do ano passado.

Segundo o Dieese, 47,8 milhões de pessoas devem receber o 13.º salário este ano. Destes, 20,8 milhões são beneficiários da Previdência Social. O valor médio do abono é estimado em R$ 639. Entre as unidades da Federação, Brasília é a que apresenta a maior média, de R$ 1.315, seguida por São Paulo, com R$ 845. No entanto, a economia paulista deve ficar com o maior quinhão – quase R$ 11 bilhões, o equivalente a 36% de todos os recursos do 13.º salário.

Para calcular o ingresso desses valores na economia, o Dieese utilizou dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho e do Emprego, e informações do Ministério da Previdência e Assistência Social.

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