A discussão sobre o preço máximo da energia no mercado ganhou força neste ano. Por causa da seca, o governo acionou todas as térmicas para atender o consumo e poupar água nos reservatórios das hidrelétricas. Com isso, o PLD atingiu o teto de R$ 822,83 reais por megawatt/hora (MWh) no início do ano e permaneceu nesse nível por semanas.
Isso levou os problemas que rondavam o setor elétrico a ultrapassarem rapidamente a conta dos bilhões de reais. Foi o caso das distribuidoras, que ficaram sem contratos de energia suficientes para atender o consumidor residencial, e também da Usina de Santo Antônio, que não conseguiu entregar todo o volume com o qual havia se comprometido no mercado.
As distribuidoras receberam R$ 9,8 bilhões do Tesouro Nacional no ano passado e devem consumir R$ 17,8 bilhões em empréstimos bancários intermediados pelo governo. Santo Antônio teve de pagar R$ 1 bilhão pela energia que deixou de produzir.
O pesquisador sênior do Grupo de Estudos do Setor de Energia Elétrica (Gesel) da UFRJ, Roberto Brandão, avalia que o preço-teto deveria ficar entre R$ 200 e R$ 300 por MWh. Segundo ele, a maior parte da energia gerada no País tem preços baixos, fixados em contrato, enquanto o volume de térmicas caras, acima de R$ 400 por MWh, é pouco representativo na oferta total. “Isso não faz com que a média de preços da energia suba tanto assim.”
O gerente de Regulação da Safira Energia, Fábio Cuberos, avalia que o preço máximo do PLD não pode ser tão reduzido. Isso porque toda vez que o governo aciona uma térmica cara, com custo de operação maior que o teto fixado, a usina é paga por meio de uma taxa adicional rateada entre todos os consumidores – o Encargo de Serviço do Sistema (ESS). “Se o preço máximo cai muito, no fim das contas todos acabam pagando.”
Para o presidente da Thymos Energia, João Carlos Mello, o teto de R$ 822,83 por MWh está um pouco acima do considerado justo. Porém, o valor real, segundo ele, não seria tão inferior. “Minha leitura é que pode baixar a algo entre R$ 500 e R$ 700 por MWh”, diz. “As usinas mais caras, a óleo, nem participam mais de leilões. A tendência seria selecionar uma usina a gás natural.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.