O risco de inflação por conta de um suposto superaquecimento da economia brasileira será o fator crucial para a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a nova taxa básica da economia (Selic), hoje em 11,25% ao ano. O Copom reúne-se hoje e amanhã, para definir a nova Selic. Apesar dos alertas do BC e do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no entanto, a possibilidade de o Brasil enfrentar essa inflação de demanda nem de longe produz unanimidade entre economistas ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo.

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O professor da USP, Carlos Eduardo Soares Gonçalves, é um dos que identificam indícios de inflação de demanda. Segundo ele, indicadores como o nível de utilização da capacidade instalada – que bateu recorde – e as vendas no varejo sinalizam procura excessiva por bens. ?Os indicadores de demanda estão fortes?, diz, explicando que o Brasil pode crescer até 4,5% sem acelerar a inflação. Gonçalves acredita que o BC vai parar de cortar os juros nesta reunião, embora avalie que ainda há espaço para reduções, por conta do juro real ainda elevado.

Os economistas que não identificam sinais de inflação de demanda tiveram essa percepção reforçada com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) baixo em setembro – o índice foi de 0,18%. É a visão majoritária no Ministério da Fazenda, onde as apostas são de mais dois cortes na Selic.

O professor da UFRJ, Carlos Thadeu Filho, avalia que o forte aumento no consumo tem sido bem atendido pelas importações e pela expansão da oferta interna. ?Não vejo impacto da demanda na inflação. A inflação é de custo e de choque de oferta?, diz, referindo-se ao repasse da alta do petróleo para produtos como plásticos e à alta nos preços de alimentos.

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