Levantamento da consultoria de recursos humanos Mercer, divulgado nesta terça-feira (31), revelou que 20% das 171 empresas consultadas pretendem diminuir o quadro de funcionários até o fim do ano. A redução média prevista vai de 10% a 20% dos empregados. A divulgação foi feita um dia depois de o governo ter anunciado a prorrogação da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os carros novos e o corte de tributos de motocicletas e construção civil, na tentativa de manter empregos.

continua após a publicidade

Segundo a pesquisa Gerenciamento do Capital Humano e a Crise Global, desde o início da turbulência financeira internacional, em um período de apenas quatro meses, 25% das empresas sondadas anunciaram demissões, que vão de 10% a 25%, em média, do quadro de trabalhadores.

De acordo com o diretor de Desenvolvimento de Negócios da Mercer, Marcelo Ferrari, o resultado da sondagem está em linha com o aumento dos índices de desemprego no País. A parte positiva é que as empresas que demitiram não devem anunciar novas dispensas.

“O bom você faz aos pouquinhos, o mal você faz de uma vez. Se as pessoas esperam uma demissão por mês, a empresa para”, explicou. Segundo o estudo, 45% das empresas atingiram em 2008 os resultados financeiros previstos, com um desempenho de 96% a 105% do previsto.

continua após a publicidade

Já 15% tiveram performance abaixo de 80% do esperado e outros 15% conseguiram uma atuação de 106% a 120% maior do que a prevista. Além disso, 10% das empresas obtiveram desempenho de 81% a 95% do desejado e outros 10% tiveram performance 121% do calculado.

As expectativas para 2009 tiveram certa deterioração: 40% das empresas preveem um resultado de 96% a 105% do previsto; 25% esperam atingir de 81% a 95%; 20% aguardam um resultado abaixo de 80% do esperado, e 15% calculam um resultado financeiro de 106% a 120% do previsto.

continua após a publicidade

“Ninguém se atreveu a prever um resultado superior a 121% do previsto neste ano”, ressaltou Ferrari. O diretor da Mercer destacou que, com a crise, a pressão dos sindicatos sobre os salários deve diminuir ante o desafio de manter os empregos.

Salários

Para este ano, a estimativa de evolução dos salários está entre 5% e 6,5%, contra um aumento de 7% a 8,5% em 2008. “Dificilmente, a gente vai ver acordo coletivo neste ano acima da inflação”, apontou.

A pesquisa mostrou que 30% das empresas decidiram reduzir o reajuste salarial previsto no orçamento para este ano, que normalmente foi elaborado antes da crise. Esta redução variou de 15% a 50%. Para Ferrari, o fundo do poço parece estar perto. “Mas 2009 já está comprometido”, destacou.

Ele explicou que, se a situação econômica melhorar agora, as empresas ainda devem demorar aproximadamente seis meses para retomar os planos de investimento e pensar em concessão de benefícios e reajustes salariais. “Mas as empresas reagiram bem. O que tem sido feito é para garantir a saúde das empresas. Você não vê nenhuma grande empresa quebrando no Brasil”, ressaltou.