Genebra (AE) – Os desafios para o crescimento da economia brasileira estarão no centro da participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Fórum Econômico Mundial, que ocorre na semana que vem em Davos, na Suíça, e que terá como tema principal a ?mudança na equação de poder?. O evento, que ocorre entre os dias 24 e 28, poderá ser usado para que Lula anuncie o que pretende fazer em seu segundo mandato.
Durante a divulgação de sua agenda para este ano, Davos deixou claro que Lula, ao contrário do venezuelano Hugo Chávez, tem cadeira cativa no evento e que seus discursos têm melhor aceitação entre a comunidade internacional convocada ao fórum. Para analistas, a diferença de tratamento dado a Lula por Davos e a recusa do evento em convidar Chávez é em parte reflexo da atitude do setor privado internacional em relação à medidas, consideradas pelo mercado como ?populistas?, na América Latina.
Mas mesmo assim, Lula será cobrado a dar explicações sobre o que fará para o Brasil crescer a taxas mais elevadas. Davos confia que um novo pacote de medidas será anunciado pelo governo no início da próxima semana. Nesse caso, o evento se tornará numa oportunidade para que o presidente brasileiro explique aos empresários estrangeiros o que pretende fazer para tirar o Brasil de uma posição incômoda de penúltimo colocado no ranking de crescimento da ONU para 2007.
No dia 25, o fórum reservou a Lula uma sessão dedicada apenas ao presidente brasileiro. Lula também poderá participar ao lado do presidente mexicano Felipe Calderón de um debate sobre o futuro da América Latina. Serão 20 minutos de participação em um dos encontros e outros 45 minutos no evento com Calderón. Lula deve deixar claro que não pretende comprometer a responsabilidade fiscal nos próximos quatro anos e tentará tranqüilizar investidores sobre as novas medidas.
Além dos temas econômicos, os organizadores do evento confirmam que Lula deverá tratar do tema da desigualdade social e do combate à pobreza. Segundo Klaus Schwab, fundador do evento, o presidente brasileiro pediu para voltar a falar do combate à fome. ?Lula esteve aqui no primeiro ano de seu mandato e apresentou o que iria fazer. Agora, quer mostrar seus resultados e como a América Latina e o mundo podem aprender com ele?, afirmou Schwab.
OMC
Lula ainda se reunirá com o primeiro-ministro britânico Tony Blair e possivelmente com outros chefes de estado e de governo para tentar destravar as negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC). De fato, o que estará ocupando o governo brasileiro em Davos serão os debates sobre como destravar as negociações da OMC e que, em teoria, darão maior acesso aos produtos nacionais no exterior. O processo está paralisado desde julho e o prazo para um acordo está terminando.
O governo americano, porém, não parece disposto a apresentar um pacote de corte de subsídios que seja suficiente para convencer europeus e indianos a abrirem seus mercados. Além da reunião de Lula com Blair, o chanceler Celso Amorim se encontrará com vários ministros da Europa, Estados Unidos e Ásia para tentar aproximar as posições. Uma reunião entre 20 ministros ainda está sendo convocada pelo governo suíço, também para tratar da Rodada Doha da OMC.