O ministério da Fazenda apresentou dados à Confederação Nacional da Indústria (CNI) que mostram crescimento da indústria automobilística nos onze dias de fevereiro em comparação ao mesmo período do mês anterior.
A informação foi divulgada nesta quinta-feira (12) pelo presidente da Confederação, Armando Monteiro Neto, ao deixar um encontro com o ministro Guido Mantega. Em janeiro, a retomada do crescimento no setor havia sido considerada “muito forte” em comparação a dezembro de 2008.
“Os números de produção e de venda [do setor automotivo] são positivos. Então, eu diria que há uma percepção que existe uma melhora no ambiente da indústria”, afirmou.
Monteiro Neto fez questão de deixar claro, porém, embora tenha havido um sensível processo de acomodação da situação, não existe nenhum dado que o autorize a dizer que há reversão do quadro de desaceleração da economia.
Ele voltou a destacar o problema que vem ocorrendo na concessão de crédito para pequenas e médias empresas. E pediu a redução dos spreads bancários considerados altos tanto pela CNI, quanto pelo governo. O spread é a diferença entre o que o banco cobra para emprestar e que paga ao dono do dinheiro. Segundo Monteiro Neto, o ministro ouviu com atenção, mas não manifestou posição.
O presidente da CNI criticou ainda a morosidade do agentes financeiros na hora de repassar os recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) destinados ao capital de giro das empresas.
“O BNDES teve desembolso recorde em 2008, mas as linhas de capital de giro puras ainda não estão sendo operacionalizadas como o setor produtivo gostaria. Isso porque uma parte o banco opera diretamente e outra é via agentes financeiros”, disse.
Ele lembra que os bancos estão mais avessos ao risco e mais seletivos na hora da concessão do crédito e também considera o volume destinado ao capital de giro do BNDES muito pequeno. Esta semana a instituição anunciou a flexibilização de R$ 6 bilhões para esse tipo de financiamento, com ampliação dos prazos e mudanças na taxa de juros.
Sobre o estímulo ao setor da construção civil, Monteiro Neto informou que as aguardadas medidas do governo estão praticamente prontas e podem ser anunciadas nos próximos dias.
“Há uma expectativa de que as medidas habitacionais são muito importantes para ativar o setor da construção e a análise está sendo ultimada. Espero o anúncio para antes do carnaval”, afirmou.
O presidente da CNI não descarta o risco da recessão no país pois, segundo sua análise, o ambiente externo, não melhorou e a crise no resto do mundo se acentuou, com comércio exterior muito retraído e queda nas exportações. “O Brasil está fazendo essa travessia de forma razoalvemente indolor, mas não podemos de forma alguma fazer avaliações muito otimistas porque somos parte do mundo, avaliou.