Dados da Pnad mostram piora na qualidade do emprego, avalia economista

O economista Alexandra Andrade, da GO Associados, avalia que o resultado da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, que apontou uma taxa de desocupação no Brasil de 8,6% no trimestre até julho de 2015, veio em linha com outros dados recentes e confirmou o quadro de deterioração do mercado de trabalho no País.

Segundo ele, a Pnad mostra que o desemprego continua subindo apesar de a população ocupada se manter estável, diferente do que ocorre na Pesquisa Mensal de Emprego (PME), também do IBGE, em que já se observa uma contração da taxa de ocupação. “No caso da Pnad, a elevação do desemprego se deve ao fato de que a população economicamente ativa está crescendo mais do que a população ocupada”, disse.

Além disso, ele alerta para o fato de a Pnad também refletir uma piora na qualidade do emprego, uma vez que indica uma diminuição do número de trabalhadores com carteira assinada e mesmo sem carteira, no setor privado, em paralelo ao aumento do número de trabalhadores que declaram trabalhar por conta própria. “Isso é um sinal de que a economia não está oferecendo vagas, de que o mercado não consegue absorver a mão de obra”, ressaltou.

Outro ponto salientado por Andrade é o rendimento médio real habitual, que na Pnad Contínua ainda está crescendo na comparação com o ano passado, enquanto na PME está caindo. “Esse crescimento não deve acontecer mais nos próximos meses dada a conjuntura desfavorável. O incremento (dos salários) ainda é fruto de barganha dos sindicatos, tanto que aparece mais nos trabalhadores com carteira, mas a verdade é que os reajustes (dos vencimentos) tendem a ser cada vez mais moderados”, disse.

Segundo Andrade, a expectativa é de um cenário muito ruim nos próximos meses, uma vez que a deterioração do mercado de trabalho afeta consumo das famílias, o que contribui para manter a confiança em baixa, sem perspectivas de melhora. Esse quadro desfavorável também afeta a indústria, que já sofre com os níveis elevado de estoques. “Pelo lado da demanda doméstica não dá para esperar uma recuperação da atividade econômica no ano que vem”, afirmou.

A GO Associados projeta que a taxa de desemprego medida pela Pnad Contínua chegue a 10% no trimestre encerrado em dezembro de 2015 e a 11,5% nos últimos três meses de 2016.

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