No dia 27 de novembro de 2014, quando foi apresentado o futuro ministro da Fazenda do segundo governo Dilma Rousseff, Joaquim Levy adentrou o salão leste do Palácio do Planalto com um sorriso confiante de quem tinha o apoio irrestrito do mercado financeiro.

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Falou naquele dia ao lado de Nelson Barbosa, que havia sido preterido para a Fazenda e indicado ao Planejamento. O “Chicago boy” de formação ortodoxa era naquele momento tido como o fiador da política econômica. Levy era a esperança do mercado de dias melhores na economia depois de um processo eleitoral difícil, contas públicas maquiadas e déficit fiscal.

Assumiu o ministério com um duro discurso criticando fortemente o patrimonialismo e as políticas setoriais. “O patrimonialismo, como se sabe, é a pior privatização da coisa pública. Ele se desenvolve em um ambiente onde a burocracia se organiza mais por mecanismos de lealdade do que especialização ou capacidade técnica, e os limites do Estado são imprecisos”, afirmou.

Levy e Nelson travaram nos bastidores uma guerra em que discordavam nos principais pontos da política econômica. Levy começou ganhando batalhas. Anunciou medidas duras de endurecimento nas regras para o seguro-desemprego e pensões e aumentou impostos sobre gasolina e bebidas. Cortou subsídios nos financiamentos dos bancos públicos. Acabou com a desoneração sobre a folha de pagamentos.

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Workaholic, trabalhou arduamente para ver seu ajuste fiscal aprovado. Ficava até as 2h da manhã no ministério rotineiramente. Exigente com sua equipe, trocava de assessores com frequência. Fazia o corpo a corpo com deputados e senadores.

Mas, à medida em que a crise política se aprofundava, a arrecadação se retraia, a inflação se aproximava de dois dígitos e o desemprego começava a crescer, as vitórias de Levy foram minguando.

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E ministro passou a ser alvo de críticas cada vez mais vorazes, principalmente do PT, capitaneadas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Levy insistia que o ajuste fiscal precisava ser aprovado para que a economia voltasse a crescer. E era atacado por só falar em ajuste fiscal. Com o rebaixamento seu destino estava selado. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo