A CVM (Comissão de Valores Mobiliários), responsável pela fiscalização do mercado de capitais, vai julgar, hoje, às 9h30, um caso de “insider information”, como é conhecido o uso de informação privilegiada sobre uma empresa para lucrar com suas ações na bolsa, prejudicando outros investidores. O inquérito envolve estrelas do mercado brasileiro, como os administradores de fundos Fator e Hedging-Griffo, e o banco alemão Dresdner Kleinwort Wasserstein, que são suspeitos de usar uma informação sigilosa sobre o plano de privatização da Copel (Companhia Paranaense de Energia) para obter ganhos na bolsa em 2001.
Também estão envolvidos profissionais da Copel e representantes do governo do Estado do Paraná, controlador da empresa. O plano de privatização fracassou em 2001, e foi oficialmente sepultado no início de 2002. A informação privilegiada, segundo a CVM, era sobre uma oferta pública de compra de ações ordinárias.
“A companhia informou, à época, que, anteriormente à divulgação do fato relevante, apenas alguns profissionais da Copel, de representantes do Estado do Paraná e de profissionais do Consórcio Diamante (formado por Dresdner Kleinwort Wasserstein do Brasil S/C Ltda., Fator Projetos e Assessoria S/C Ltda. e Ulhôa, Canto, Rezende e Guerra Advogados), contratados para assessorar o Estado na privatização da companhia, tinham conhecimento acerca da oferta de compra das ações da companhia a preço superior a sua cotação em bolsa”, cita a CVM.
No dia da divulgação do fato relevante, a cotação do papel subiu 14,01%, em 25 de julho de 2001. Os indiciados tentaram fechar um acordo com a CVM, mas o relator do processo votou contra.
“Tal infração, pelo prejuízo que acarretou a inúmeros investidores que venderam suas ações em desconhecimento da informação que veio a ser divulgada e que era de conhecimento somente de alguns compradores, bem como pelo prejuízo causado à credibilidade do mercado de capitais brasileiro, é de extrema gravidade o que já impede o acolhimento da proposta de celebração de termo de compromisso”, escreveu o relator do processo e diretor da CVM, Eli Loria, ao votar contra a celebração de um acordo com os indiciados.