Marinho, Lula e o ministro do Trabalho, Jaques Wagner. |
A CUT (Central Única dos Trabalhadores) quer que o governo federal crie um milhão de empregos no País por meio de frentes de trabalho. A proposta foi apresentada ontem, pelo presidente da central, Luiz Marinho, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo Marinho, é preciso gerar pelo menos um milhão de empregos em caráter emergencial no País. Ele argumenta que o crescimento na produção industrial, anunciado ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e a provável retomada do desenvolvimento não serão suficientes, num curto prazo, para gerar empregos em número satisfatório.
“Estamos levando em consideração que a economia está reiniciando um processo de retomada do crescimento, mas essa retomada ainda é insuficiente, tendo em vista a ociosidade das empresas”, disse Marinho. Segundo ele, o crescimento da economia previsto para o último trimestre deste ano terá impacto na redução do desemprego apenas no final do primeiro semestre de 2004 e, por isso, o governo precisa adotar uma medida de emergência para esse período.
O IBGE divulgou ontem que a produção industrial no Brasil cresceu 1,5% em agosto em relação a julho. A alta foi a maior registrada para o setor neste ano. “A CUT também comemora o crescimento, mas alerta que ele, por si, não resolve de forma automática o problema do desemprego. É preciso agregar outras medidas para responder rapidamente ao desemprego”, declarou o dirigente sindical.
Proposta
A idéia da CUT, apresentada a Lula e aos ministros Jaques Wagner (Trabalho) e Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência), é que a princípio se criem empregos temporários nos setores de saneamento básico, construção de moradias e limpeza pública. A remuneração proposta pela CUT é de um salário mínimo (R$ 240), que , multiplicado pelo número de trabalhadores sugerido pela entidade, resultaria em um custo total de R$ 240 milhões à União.Após cerca de duas horas e meia de conversa com o presidente, Marinho deixou o Palácio do Planalto otimista. “Lula determinou que o Ministério do Trabalho faça um estudo para dar uma resposta no final deste mês ou no início de novembro. O presidente concorda em tese com a análise que a CUT apresentou”, afirmou Marinho.
O custo dessa medida, segundo o presidente da CUT, dependeria do valor da remuneração que seria paga aos trabalhadores e os recursos poderiam vir do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) ou do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). “O presidente concordou que a retomada do crescimento, num primeiro momento, vai cobrir uma ociosidade presente na indústria hoje e, portanto, não terá impacto imediato no desemprego. Ele concordou, em tese, com a proposta que nós fizemos de ter uma medida emergencial para cobrir esse espaço de tempo”, afirmou Marinho. Segundo ele, o presidente se comprometeu a estudar a proposta.