O custo dos financiamentos para capital de giro – isto é, o dinheiro gasto com as despesas do dia a dia das empresas, como água, energia, salários e matérias-primas, entre outras – representa 6,7% do preço dos produtos industrializados fabricados no Brasil, revela um estudo inédito do Departamento de Competitividade e Tecnologia (Decomtec) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O peso da despesa com financiamentos nos preços dos produtos fabricados aqui é mais que o triplo do registrado em um grupo de cinco países, que inclui Chile, Itália, Japão, Malásia e Noruega, cuja metodologia de cálculo de juros é compatível com a do Brasil.
Na média desse conjunto de países, a fatia do gasto com capital de giro no preço final dos produtos industrializados é de 1,97%. Os números se referem aos custos financeiros para o ano passado. Outro impacto do elevado gasto financeiro é a redução na capacidade de investimento das empresas, que passam a usar recursos próprios para financiar as despesas do dia a dia. Com isso, sobram menos recursos para ampliar a capacidade de produção ou aperfeiçoá-la.
O custo do capital de giro foi apontado pelos empresários como o segundo maior obstáculo ao crescimento da indústria. De acordo com pesquisa feita pela Fiesp no segundo trimestre deste ano, em mil indústrias, 11% delas informaram que juros e crédito são barreiras ao crescimento. Esse quesito só perde para a tributação, apontada por 65% das indústrias como o principal obstáculo para a expansão dos negócios.