Alimentação

Custo da cesta básica na capital paranaense caiu 5,88% em agosto

Depois de cinco meses seguidos de alta, os preços dos alimentos finalmente deram uma trégua e fecharam agosto com queda de 5,88% em Curitiba. Dos 13 itens que compõem a cesta básica, dez tiveram redução nos preços, segundo pesquisa divulgada ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, regional Paraná (Dieese-PR). Com este resultado, os preços dos alimentos acumulam no ano alta de 22,81% e, nos últimos 12 meses, variação positiva de 31,93%.

O economista Sandro Silva, do Dieese-PR, lembrou que os índices de inflação já mostravam tendência de desaceleração nos preços dos alimentos em nível nacional.

“Em julho, apesar da alta de 7,35% na cesta básica, a gente já observava que o cenário era diferente de outros meses; a alta estava concentrada em três ou quatro produtos, enquanto o restante estava mais ou menos estável”, comentou o economista. Em cinco meses, de março a julho, os alimentos tinham subido 24,33% em Curitiba.

Silva criticou a política do governo em elevar a taxa básica de juros (Selic) para conter a inflação. “O aumento da inflação puxado pelos alimentos é um fenômeno mundial e está relacionado ao aumento do custo de produção (alta dos fertilizantes), o aumento do consumo. Aumentar a taxa de juros para segurar a inflação é um instrumento equivocado”, disse.

Em agosto, o tomate foi o item que registrou a maior queda no preço: 35%, com o preço médio do quilo passando de R$ 3,60 em julho para R$ 2,34 no mês passado. O preço do tomate caiu nas 16 capitais pesquisadas pelo Dieese.

A redução veio depois de cinco meses seguidos de alta -nesse período, o quilo do tomate ficou 162,77% mais caro em Curitiba, passando de R$ 1,37 para R$ 3,60. A queda está relacionada ao início de safra.

Outros itens que aliviaram o bolso do consumidor em agosto foram a farinha de trigo, com queda de 8,70% – por conta da redução de impostos e do período de safra -, açúcar (-7,38%), leite (-5,58%), arroz (-5,33%), batata (-3,89%), café (-3,84%), feijão (-2,83%), óleo de soja (-2,49%) e a carne, que depois da alta acumulada de 25,3% entre abril e maio, ficou 1,31% mais barata.

“No curto prazo, o preço da carne pode até recuar, mas não vai retornar ao preço do início do ano”, apontou Sandro Silva. O quilo do coxão mole custava, em média, R$ 12,80 no mês passado.

Na ponta contrária, pesaram no bolso do consumidor a banana (alta de 3,51%), a manteiga (2,08%) e o pão (0,55%). Para setembro, a expectativa é que haja nova deflação. A variação dos preços, segundo Silva, vai depender do clima.

Quarta maior

Em agosto, a cesta básica ficou em R$ 229,93 em Curitiba – a quarta maior do País, atrás de Porto Alegre (R$ 241,16), São Paulo (R$ 241,15) e Belo Horizonte (R$ 231,26). A cesta mais barata foi a de Recife (R$ 176,09).

A queda no preço da cesta básica foi praticamente generalizada. Das 16 capitais pesquisadas pelo Dieese, 15 registraram queda; o maior recuo ocorreu em Recife (-10,77%) e o menor em Belém (-2,27%). Curitiba teve a décima maior queda na comparação com outras capitais. A única a registrar alta nos preços dos alimentos foi Goiânia, com variação de 1,15%.

Salário

Com base no preço da cesta básica mais cara do País em agosto, a de Porto Alegre, os técnicos do Dieese chegaram à conclusão de que o salário mínimo ideal para o mês passado seria de R$ 2.025,99.

Esse valor teria como função cobrir todas as despesas de uma família com quatro pessoas (dois adultos e duas crianças) com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência.

Este valor do mínimo ideal, que equivale a 4,88 vezes o piso atua,l, de R$ 415,00, no entanto, caiu em relação ao estimado em julho, que correspondia a R$ 2.178,30 e representava 5,25 vezes o mínimo vigente.

A queda do mínimo estimado pelo Dieese de julho para agosto se deu em decorrência da queda dos preços da cesta básica em 15 das 16 capitais do País em que o Dieese realiza mensalmente a sua pesquisa de preços da cesta básica.

Produtos de higiene e limpeza sobem 3,42%

Ao contrário dos alimentos, os produtos de higiene e limpeza registraram nova alta em agosto, de 3,42%. O índice foi puxado principalmente pelos itens de limpeza, que ficaram 4,42% mais caros, influenciados sobretudo pelo sabão em pó, com alta de 6,87%, e do sabão em barra (10,83%).

Entre os produtos de higiene, a alta foi de 2,75%, com destaque para o aumento de 8,46% no preço do sabonete, de 2,84% no papel higiênico e de 5,93% no condicionador.

Os dados fazem parte da pesquisa realizada pelo Dieese-PR, em parceria com a Federação dos Empregados em Empresas de Asseio e Conservação do Paraná (Feaconspar).

Desde janeiro, os produtos de higiene e limpeza já subiram 11,19% em Curitiba – alta de 9,44% no caso dos itens de limpeza e de 12,39% entre os de higiene.
Variação

A pesquisa revela ainda que é grande a variação de preços dos produtos entre os estabelecimentos. No topo do ranking está o sapólio líquido Radium, encontrado a partir de R$ 2,20 até R$ 5,99 – ou seja, diferença de 172,27%.

O Limpa Vidros da marca Veja custa entreR$ 2,87 e R$ 6,69 – diferença de 133,10% entre o maior e o menor preço. Já o balde médio de oito litros pode custar entre R$ 1,48 eR$ 3,19 – variação de 115,64%.

Entre os itens de higiene, o creme para pele Nívea é o que apresenta a maior variação de preços, entreR$ 4,97 e R$ 9,69, diferença de 94,97%. Já o desodorante Axe, de 90 ml, pode custar entre R$ 2,36 e R$ 4,32 – variação de 83,05%.Com tamanha diferença de preços, a orientação do Dieese-PR é que os consumidores pesquisem bem antes de comprar estes itens.

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