O custo da cesta básica apresentou queda no mês de setembro em 15 das 16 capitais pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese). Em Curitiba, a queda foi de 3,44% – a maior variação negativa desde julho de 2003, quando houve deflação de 4,04%. Com o resultado de setembro, o acumulado da cesta no ano é de 4,30% e, nos 12 meses, 9,88%. Os números foram divulgados ontem pelo Dieese.

Entre as 16 capitais pesquisadas, Curitiba ocupou a sétima posição quanto ao custo da cesta básica (R$ 166,03) e apresentou a décima maior queda (veja quadro ao lado). Em setembro, o custo da alimentação para uma família curitibana (um casal e duas crianças) foi de R$ 498,09. O salário mínimo calculado pelo Dieese para suprir necessidades vitais básicas como saúde, educação, transporte, vestuário, lazer, entre outros, conforme determina a Constituição Federal, deveria ser de R$ 1.532,18.

Itens

Dos 13 itens que compõem a cesta básica, seis apresentaram alta em Curitiba, seis apresentaram queda e uma permaneceu estável. O tomate foi o produto que mais influenciou o resultado, com queda de 24,51% no mês. Em agosto, o fruto havia subido 34,55%. Caso o preço do produto tivesse se mantido estável, haveria deflação de apenas 0,15%.

Mas não foi só na cesta de Curitiba que o tomate influenciou. Conforme pesquisa do Dieese, todas as 15 capitais que apresentaram queda da cesta registraram também redução no preço do tomate. Na capital paranaense, o quilo passou de R$ 2,57 em agosto para R$ 1,94 em setembro. “O preço estava muito elevado. Houve uma normalização da oferta do produto”, apontou o economista Sandro Silva, do Dieese-PR.

Outros itens que apresentaram queda no mês foram pão (-7,29%), farinha de trigo (-5,78%), óleo de soja (-3,85%), feijão (-3,02%) e batata (-1,28%). De acordo com Sandro Silva, a queda do pão está atrelada à da farinha de trigo, em função da cotação internacional em queda, período de safra e dólar em patamar baixo. Segundo o economista, a redução do preço do óleo de soja também é justificada pela cotação internacional e safra mundial positiva. Já a queda do feijão se deve, de acordo com Sandro Silva, à alíquota zero para o Pis e Cofins – impostos federais.

Já os aumentos ficaram por conta do açúcar (14,71%), da banana (12,21%), arroz (2,78%), café (1,28%), leite (0,78%) e manteiga (0,67%). O preço da carne permaneceu estável. O açúcar acumula aumento de 24,47% em dois meses. O quilo passou de R$ 1,02 em agosto para R$ 1,17 em setembro. Segundo Sandro Silva, a alta expressiva, no entanto, é observada apenas no varejo, o que pode significar uma estratégia do comércio. Já a alta da banana é justificada por pragas encontradas em plantações de São Paulo. Segundo pesquisa do Dieese, a banana subiu em sete capitais pesquisadas, sendo a maior alta registrada em Curitiba. O arroz recuperou o preço, uma vez que em agosto havia registrado queda de 13,88% em relação ao mês anterior.

Para outubro, a previsão é de nova deflação. “O que pode determinar o preço é a batata, que vem apresentando queda, a farinha de trigo, cuja tendência também é de queda, o feijão e o leite”, afirmou o economista. Segundo ele, uma possível alta deve acontecer apenas se o preço do tomate voltar a explodir, o que acredita ser difícil acontecer.

Acumulado

No acumulado do ano (janeiro a setembro), Curitiba apresenta a quarta menor variação no preço da cesta básica (4,30%), atrás de Aracaju (-0,43%), Recife (1,41%) e Salvador (1,61%). Os itens que mais subiram no ano em Curitiba foram a batata (aumento de 113,89%), tomate (57,72%) e açúcar (10,36%). Por outro lado, houve queda no preço do pão (-8,66%), arroz (-7,96%) e carne (-6,51%).

No acumulado dos últimos 12 meses, a cesta básica em Curitiba acumula alta de 9,88% – a sétima menor variação entre as 16 capitais pesquisadas. Florianópolis acumula aumento de 16,99%, enquanto Salvador apresenta queda de 0,84% no período.

Em Curitiba, os itens que mais subiram nos 12 meses foram tomate (aumento de 120,45%) e batata (108,11%). Na outra ponta, tiveram queda a manteiga (-10,57%), o arroz (-8,42%) e o pão (-7,75%).

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