Curitiba teve, em agosto, a maior alta da cesta básica entre as capitais pesquisadas no País pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
O aumento, divulgado ontem, foi de 2,30% e a cesta passou a valer R$ 211,47. A alta, porém, não foi generalizada e se deveu quase totalmente ao preço do tomate, que aumentou 27,84% no mês, em relação a julho, passando a custar R$ 2,25 o quilo, em média. Na outra ponta, a maior queda foi nos preços da batata, com -8,89%, custando R$ 1,64 o quilo.
A alta na cesta básica de Curitiba veio após uma taxa negativa de 3,19% em julho. No ano, o conjunto de produtos considerados essenciais ainda acumula uma baixa de 7,81% nos preços.
Nos últimos 12 meses, a queda é um pouco maior: 8,03%. A cesta da capital paranaense é, hoje, ao mesmo tempo, a nona mais cara e a nona mais barata entre as 17 cidades pesquisadas. A mais cara é em Porto Alegre, com R$ 238,67, e a mais barata é em Aracaju, com R$ 168,06.
O economista Fabiano Camargo, do Dieese, explica que a alta de 2,30% em Curitiba tem basicamente só um culpado: o tomate. Ele calculou que, se o valor do produto tivesse ficado estável entre julho e agosto, a cesta básica curitibana ficaria com variação próxima de zero (0,16%). As outras altas do mês, segundo o Dieese, aconteceram na banana (5,88%), na carne (1,37%), na manteiga (0,57%) e no pão (0,40%).
Já as baixas, além da batata (8,89%), ocorreram no óleo de soja (5,93%), no leite (3,72%), na farinha de trigo (1,50%) e no café (0,50%). O feijão, o arroz e o açúcar não foram reajustados de julho para agosto, conforme o levantamento do Dieese. Mesmo com as baixas, a batata, com 28,13%, e o leite, com 46,81%, ainda apresentam fortes altas no acumulado do ano, em Curitiba.
Safras
Segundo Camargo, a alta no tomate decorre especialmente de uma safra ruim do produto no Estado, o que o obrigou a comprar o produto de outros grandes produtores, como São Paulo e Minas Gerais.
Os estados, por sua vez, também tiveram safras ruins, devido às chuvas, que levou os preços a dispararem nesses locais. Mesmo assim, o produto acumula, no ano, uma baixa de quase 20%, atrás do feijão (42,89%), da farinha de trigo (22,02%) e do arroz (20%).
Quanto à batata, Camargo informa que a principal causa da baixa é a boa safra, resultado de um clima propício para a cultura do produto, que sobrou no mercado. Já as baixas na farinha de trigo e no óleo de soja têm explicação no mercado internacional: “Devido ao câmbio, o Brasil tem dificuldade em exportar os produtos”, informa o economista.
Para Camargo, a tendência é de que a cesta básica de Curitiba continue aumentando até o fim do ano, principalmente por conta de uma recomposição dos preços, que já caíram bastante em 2009, e de aumentos nas commodities.
Contudo, ele prevê que as altas mensais devem ser discretas, e não chegar nem perto das taxas de 2008, que atingiram um pico de 7,35% em julho e fecharam o ano em 20,25%.
Salário mínimo deveria ser de R$ 2.005
Redação
Conforme o levantamento divulgado ontem pelo Dieese, o salário mínimo do trabalhador brasileiro deveria ser de R$ 2.005,07 em agosto, para suprir suas necessidades básicas e da família.
Com base no maior valor apurado para a cesta básica, em agosto, de R$ 238,67, em Porto Alegre, e levando em consideração o preceito constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para garantir as despesas familiares com alimentação, moradia, saúde, transportes, educação, vestuário, higiene, lazer e previdência, o Dieese calculou que o mínimo deveria ser 4,31 vezes superior ao piso vigente, de R$ 465.
Em julho, o valor do salário mínimo necessário era menor, de R$ 1.994,82, e correspondia a 4,29 vezes o mínimo em vigor. Em agosto do ano passado, este valor era de R$ 2.025,99, ou seja, 4,88 vezes o salário mínimo, na época de R$ 415,00.
O tempo médio de trabalho necessário para que o brasileiro que ganha salário mínimo pudesse adquirir, em agosto de 2009, o conjunto de bens essenciais caiu, na comparação com o mês anterior.
Na média das 17 cidades pesquisas pela instituição, o trabalhador que ganha salário mínimo necessitou cumprir uma jornada de 96 horas e 37 minutos para realizar a mesma compra que, em julho, exigia a execução de 97 horas e 12 minutos. Em agosto do ano passado, a mesma compra comprometia uma jornada bem maior, que chegava a 110 horas e 12 minutos.
