A cesta básica de Curitiba fechou o mês de julho com o valor mais baixo do ano. Segundo divulgou ontem o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), no mês passado um trabalhador gastou, na capital, R$ 206,71 por mês com a alimentação essencial.
Em julho, o conjunto de alimentos básicos caiu 3,19% em relação a junho, o que mantém o índice de 2009 em -9,89% e o acumulado dos últimos 12 meses em -15,39%. A redução, neste período, é a maior entre todas as capitais pesquisadas.
Os destaques da vez na queda da cesta básica de julho foram o tomate, que teve redução de 19,27%, e a batata, que barateou 15,89%, continuando uma tendência de queda já apontada em junho, quando seu preço reduziu 5,31%.
A carne, que possui o maior peso entre os produtos pesquisados, também ficou mais barata: 1,42%. De acordo com o economista Sandro Silva, do Dieese, se esses três produtos não tivessem sofrido variação nenhuma entre junho e julho, o valor da cesta básica teria permanecido praticamente estável em Curitiba.
Para Silva, apesar das quedas no mês passado, os valores da batata e do tomate continuam altos, devido a períodos recentes de entressafra dos produtos. Ele destacou que, em junho, o quilo do tomate era vendido a R$ 2,18 em Curitiba.
Em junho, o valor caiu para R$ 1,76. Já o quilo da batata, que em maio valia R$ 2,26, caiu para R$ 1,80 no mês passado. Conforme o Dieese, as quedas aconteceram também na maioria das capitais onde os produtos são pesquisados.
Por outro lado, os produtos que apresentaram as maiores altas foram o leite, que subiu 2,87% – em junho, o produto tinha aumentado 12,40% -, e o feijão, que aumentou 1,19% – no mês anterior, os preços do produto tinham caído 3,68%.
Em relação ao leite, Silva aponta que, em julho, os pesquisadores encontraram algumas ofertas do produto. Ainda que isoladas, as promoções não vinham acontecendo nos meses anteriores.
Tendência
O economista do Dieese afirma que a baixa na cesta básica curitibana não deve se sustentar em agosto. “Como agora é entressafra para a maioria dos produtos e há ainda a questão climática, deve haver estabilidade ou até aumento”, explica.
Assim, Silva admite a possibilidade da cesta básica ter atingido, no mês passado, o menor valor possível para o ano. Curitiba tem, atualmente, a nona cesta básica mais cara entre as 17 capitais pesquisadas a posição é bem abaixo do terceiro ou quarto lugares que a capital, historicamente, costumava ocupar. Para Silva, dificilmente a cidade voltará, num futuro próximo, a tais posições.
No levantamento, as retrações de preço mais expressivas, além de Curitiba, foram verificadas em Goiânia (-8,11%), Rio de Janeiro (-3,78%) e Fortaleza (-3,47%). Em Belo Horizonte e em São Paulo, a cesta apresentou baixas de 1,66% e de 0,41%, respectivamente.
Mínimo seria de R$ 1.994
Redação
O salário mínimo do trabalhador brasileiro deveria ter sido de R$ 1.994,82 em julho para ele suprir suas necessidades básicas e da família, de acordo com estudo divulgado ontem pelo Dieese.
Com base no maior valor apurado para a cesta no período, de R$ 237,45, em Porto Alegre, e levando em consideração o preceito constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para garantir as despesas familiares com alimentação, moradia, saúde, transportes, educação, vestuário, higiene, lazer e previdência, o Dieese calculou que o mínimo deveria ser 4,29 vezes maior que o piso vigente, de R$ 465,00.
O Dieese também informou que o tempo médio de trabalho necessário para que o brasileiro que ganha salário mínimo pudesse adquirir, em julho de 2009, o conjunto de bens essenciais diminuiu, na comparação com o mês anterior.
Na média das 17 cidades pesquisas pela instituição, o trabalhador que ganha salário mínimo necessitou cumprir uma jornada de 97h12 para realizar a mesma compra que, em junho, exigia a execução de 98 horas e 58 minutos. Em julho de 2008, quando a pesquisa considerava 16 capitais, a mesma compra necessitava a realização de uma jornada bem maior, de 117 horas e 8 minutos.