Tarifa de ônibus a R$ 1,00 |
Curitiba registrou em janeiro uma das menores inflações do País. A capital paranaense fechou o mês com IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 0,37% – o segundo menor entre as 11 regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A média nacional foi de 0,58%. Já o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) registrado em Curitiba foi o menor do País: 0,35%, contra a média nacional de 0,57%.
Em Curitiba, o grupo Transportes – especialmente o transporte público – foi o que mais influenciou nos índices. Enquanto o grupo teve aumento de 0,60% na média nacional, em Curitiba houve queda de 0,28%. O item transporte público foi o que apresentou maior diferença: alta de 0,82% na média nacional, contra a queda de 0,95% em Curitiba. A redução se deve à medida adotada pela prefeitura municipal, instituída no dia 23 de janeiro, que reduziu a tarifa dos ônibus urbanos aos domingos de R$ 1,90 para R$ 1,00. Os combustíveis também contribuíram para o índice de Curitiba. Enquanto na média brasileira houve queda de 0,19% em janeiro, em Curitiba a redução foi de 1,52%.
Nacional
Em âmbito nacional, a inflação medida pelo IBGE em janeiro (0,58%) é o menor resultado em três meses. Em dezembro, o indicador havia apurado alta de 0,86%. O IBGE atribui a desaceleração da inflação ao preço da gasolina, que avançou apenas 0,06% em janeiro, e às tarifas de ônibus urbano, que tiveram deflação de 0,10%. Promoções de artigos de vestuário, menores aumentos nas tarifas de água e esgoto e a redução do impacto do reajuste dos cigarros também ajudaram a conter a inflação. O IPCA do mês passado ficou também inferior à taxa registrada em janeiro de 2004.
Apesar do recuo do índice, a gerente da Coordenação de Índices de Preços, Eulina Nunes dos Santos, afirma que o resultado da inflação nos últimos 12 meses se mantém constante. O acumulado de um ano em janeiro ficou em 7,41%. "Estamos com uma taxa sustentada nos 12 meses ao redor de 6% a 7%", disse. A manutenção deste patamar é resultado do efeito do aumento do aço e dos alimentos nos últimos dois meses, na avaliação da técnica.
O IPCA de janeiro pode ter forte influência sobre o resultado da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária, do Banco Central) desta semana.
Os diretores do BC anunciarão na quarta-feira o novo valor da taxa básica de juros da economia brasileira (Selic). Até a semana passada o mercado esperava que o BC elevasse os juros de 18,25% para 18,75% ao ano. No entanto, com o recuo da inflação, analistas e o próprio BC podem concluir que a medida seria muito drástica.
Das 11 regiões metropolitanas que fazem parte da pesquisa, o maior índice do IPCA em janeiro foi verificado em Fortaleza (1,01%). São Paulo e Rio de Janeiro tiveram alta de 0,53% e 0,76%, respectivamente.
O levantamento do IBGE é realizado em São Paulo, Salvador, Curitiba, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Brasília, Goiânia, Fortaleza e Belém. O índice se refere a preços de produtos e serviços consumidos por família com rendimento de 1 a 40 salários mínimos.
Tarifas públicas caíram 0,31% em janeiro
Os preços administrados por contrato e monitorados apresentaram queda de 0,31% em Curitiba no mês de janeiro. A última deflação havia sido registrada em setembro último. Dos 17 itens analisados, três tiveram redução de preço: o gás de cozinha (queda de 0,10%), a gasolina (-1,62%) e o álcool (-2,96%). Os preços dos demais itens permaneceram estáveis. O custo dos serviços públicos para uma família curitibana foi de R$ 463,65. Os dados foram divulgados ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, regional Paraná (Dieese-PR), juntamente com o Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge-PR).
De acordo com o economista Sandro Silva, do Dieese-PR, a queda do preço do gás de cozinha se deve essencialmente à oferta do produto no mercado. Em dezembro, o botijão de 13 kg custava em média R$ 28,92 em Curitiba. Em janeiro, houve ligeira queda e o preço médio passou para R$ 28,89. Entre as 16 capitais pesquisadas pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), Curitiba apresentou o sétimo menor preço no mês.
O álcool combustível, que já havia apresentado queda em dezembro (-2,81%), voltou a cair ainda mais. Para o economista, o álcool vinha com preço muito elevado e sem justificativa. Já a redução do preço da gasolina, segundo Sandro Silva, se deve à queda do preço do combustível na distribuidora e, em parte, à redução da margem de lucro dos donos de postos. "Os donos dos postos também baixaram o preço na tentativa de compensar a perda do volume de vendas", acrescentou Silva, referindo-se ao período de férias, quando as vendas caem.
Entre as 16 capitais pesquisadas pela ANP, Curitiba foi a que apresentou a maior queda do preço da gasolina no mês. Na comparação entre 31 municípios do Estado, Curitiba é a que apresentava o menor preço médio do litro, a R$ 2,121. O maior preço está em Assis Chateaubriand, a R$ 2,432.
Já na comparação com outros estados, o Paraná é o que apresenta o menor preço médio do País, com o litro sendo vendido a R$ 2,154. A gasolina mais cara está no Mato Grosso, onde custa em média R$ 2,697.
Fevereiro
Em fevereiro, as tarifas públicas devem apontar índice positivo, segundo previsão do Dieese-PR. Os principais aumentos vêm da energia elétrica residencial (2,87%), tarifa mínima de água e esgoto (7,80%), e o aumento do pedágio que liga Curitiba a Paranaguá de R$ 8,50 para R$ 9,80 (13,66%). Já a gasolina, segundo previsão, deve apresentar redução de 1,13%. Com esses reajustes, os preços administrados devem fechar o mês de fevereiro em Curitiba com aumento de 1,27%. "Há possibilidade de ser ainda maior, caso a gasolina reverta esta tendência de queda", apontou o economista. (Lyrian Saiki)