A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em setembro, na Grande Curitiba, teve alta de 0,36%, recuando em relação aos 0,64% de agosto, conforme informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A taxa do mês passado, apesar de inferior à média nacional (0,45%), deixou a capital paranaense com a inflação mais alta no ano, entre as 11 regiões metropolitanas pesquisadas.
O índice está em 4,22%, supera com folga a taxa nacional, de 3,60% e está bem próximo do centro da meta de inflação para 2010, estabelecido para o País em 4,5%.
A alta em Curitiba novamente sofreu pressão dos alimentos e bebidas, que aumentaram 1,14%. Por sua vez, o grupo foi pressionado por um aumento médio de 6,02% nas carnes.
Duas frutas, a melancia e a uva, concentraram os maiores acréscimos individuais do mês, com taxas de 20,19% e 12,51%, respectivamente. Por outro lado, produtos como a cebola (-28,57%), a couve-flor (-17,03%) e a batata (-12,44%) concentraram as quedas mais expressivas.
O segundo grupo com os maiores aumentos em setembro foi o de vestuário, com 0,89%. O indicador foi puxado principalmente pelas roupas, que subiram 1,02%. Individualmente, o item que mais aumentou foi a blusa feminina: 5,37%. O subgrupo de jóias e bijuterias, que tem peso menor no índice do vestuário, foi o que teve a maior taxa, de 3,92%.
Queda
Apenas dois grupos de produtos tiveram queda nos preços no mês passado, em Curitiba. No de comunicação os valores ficaram praticamente estáveis (-0,04%). Nos transportes, a queda, de 0,32%, foi mais importante, influenciada por baixas em itens como a gasolina (-0,27%) e o seguro de veículos (-6,54%), que compensaram um aumento de 5,56% nas passagens de avião.
No acumulado do ano, o grupo transportes é o único que apresenta baixa nos preços. O índice, que está em -1,12%, vem sofrendo influência principalmente dos combustíveis: a gasolina apresenta baixa de -2,70%, e o etanol, de -10,71%.
Apesar de ter a terceira maior taxa (6,67%) entre os grupos, são os alimentos que mais contribuem para a inflação curitibana no ano. O índice, de 6,67%, supera com folga a média nacional, de 4,61%. As maiores altas estão nos grupos de despesas pessoais (7,88%) e educação (7,01%).
Problemas
De acordo com a coordenadora de índices de preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, boa parte das pressões sobre os alimentos, em setembro, tem origens externas no aumento dos preços de commodities, por causa de problemas climáticos em países como a Rússia.
No caso das carnes, Eulina disse que a alta está relacionada à estiagem no Brasil que provocou seca nos pastos e ao aumento de custos de insumos como o milho. “A explicação mais evidente para a alta dos alimentos está nos problemas de oferta, ainda que a demanda esteja aquecida”, disse.
Segundo Eulina, os alimentos respondem, sozinhos, por “quase a terça parte” do IPCA acumulado no ano, de 3,60%. O aumento acumulado dos alimentos em 2010 reflete, sobretudo, segundo ela, os fortes reajustes do primeiro trimestre e a alta de 1,08% apurada em setembro.