Curitiba concentra boa parte dos investimentos imobiliários nacionais deste ano e, ao que tudo indica, deve galgar posições ainda melhores no ranking de cidades com maior número de lançamentos, assim como fez em 2010, ano no qual ficou em 5º lugar, com exatos 10.002 imóveis novos. Para este ano, as empresas do setor preveem que o volume rompa essa marca e, em alguns segmentos, cresça até três vezes mais. Se forem concretizados todos os projetos previstos para 2011, a capital paranaense deve superar Belo Horizonte (MG), que ficou em quarto lugar no ano passado.

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Aliás, em relação às outras cidades que ocupam o ranking – São Paulo (1º), Brasília (2º) e Rio de Janeiro (3º) – Curitiba também é destaque, visto que na proporção por número de habitantes é quem possui a menor população, com 1,746 milhão, segundo o último Censo. A capital paulista, por exemplo, lançou em 2010 quase 30 mil empreendimentos imobiliários, porém, sua população é de 11,244 milhões de habitantes.

“Da região Sul, disparadamente, foi a cidade com melhor desempenho e, se comparamos com Porto Alegre (RS), que tem um porte semelhante aos de Curitiba, conseguimos verificar a representatividade desse marco, já que a cidade gaúcha lançou cerca de seis mil imóveis novos”, destaca o consultor de mercado do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Paraná (Sinduscon-PR), Marcos Kahtalian.

Em relação a 2009, quando foram lançadas 7.099 unidades, o desempenho do setor em Curitiba foi 41% superior. De acordo com Kahtalian, nos últimos dois anos, a maioria dos novos empreendimentos foi residencial, porém, de 2011 em diante a tendência é de que projetos de edifícios comerciais e de estruturas específicas para os segmentos hoteleiro, hospitalar e de eventos tenham um crescimento substancial. “Há grupos investindo nessas áreas, porém, são projetos que demandam uma maturação maior e levam mais tempo para obterem as aprovações necessárias às obras, daí a demora na execução”, explica o consultor.

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“É preciso entender que Curitiba vive esse boom justamente porque a expansão imobiliária da cidade demorou um pouco mais para acontecer. Teve início em 2006, mas parou com a crise em 2008, que adiou parte dos lançamentos e, desde 2010, a cidade retomou esse movimento tanto em valorização quanto em lançamentos”, ressalta o diretor geral da Galvão Vendas, Gerson Carlos da Silva. 

Para ele, mais do que repetir os mais de 10 mil lançamentos de 2010, a cidade vai bater um novo recorde. “Triplicarei a participação da Galvão no mercado com os empreendimentos previstos para este ano. Passaremos de uma cifra de R$ 1,2 bilhões em lançamentos realizados em 2010 para mais de R$ 3 bilhões neste ano”, revela Silva. Ainda para 2011, a proporção dos imóveis novos que a Galvão lançará ficará em 70% para residenciais e 30% para comerciais, distribuídos por todas as regiões de Curitiba e Região Metropolitana. “Não trabalhamos com a ideia de que existem áreas esgotadas, pois sempre há espaços que exigem renovação, por isso, contamos com lançamentos mesmo nos bairros mais populosos”.

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Investimentos bilionários também fazem parte dos objetivos da empresa de intermediações imobiliárias Fernandez Mera para Curitiba. O grupo, que adquiriu a Paraná Brokers, pretende lançar 30 empreendimentos somente neste ano e mais três ou quatro no primeiro ano de atuação na capital paranaense. “Para os próximos 12 meses vamos investir mais de R$ 1 bilhão somente em Curitiba, que se mostrou estratégica para a expansão e posicionamento do grupo no Brasil”, revelou o presidente do grupo, Gonzalo Fernandez. “Além de ser importante para o nosso plano de consolidação nacional, Curitiba tem demandado muito interesse das grandes incorporadoras imobiliárias do País, como a Tecnisa, que pretende arrojar ainda mais seus negócios na cidade”, acrescentou.  

Minha Casa, Minha Vida

Tanto a Galvão quanto a Fernandez Mera reconhecem que uma parte dessa expansão – entre 15% e 20% dos negócios – está relacionada aos empreendimentos imobiliários do programa do governo federal Minha Casa, Minha Vida. “Chegamos a abrir um segmento no grupo para atender as peculiaridades dos clientes do programa, sobretudo para ajudá-los a se encaixar nos critérios”, afirmou Fernandez. “Para Curitiba, são poucos os projetos da Galvão vinculados ao Minha Casa, Minha Vida, devido ao custo. Acabamos de lançar um conjunto no Tatuquara, mas a grande maioria dos imóveis do programa estão sendo construídos na região metropolitana”, apontou Silva. Sobre o impacto da redução dos recursos destinados ao programa, o setor é uníssono ao reconhecer que isso só poderá ter reflexos a partir de 2012.