A concentração de renda segue bastante acentuada apesar da melhora de diversos indicadores. Essa foi a principal conclusão da pesquisa sobre o Produto Interno Bruto (PIB) dos Municípios 2008 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os dados divulgados, ontem, apontaram que apenas seis dos 5.564 municípios brasileiros geravam aproximadamente um quarto de toda a renda do país em 2008 (R$ 3,031 trilhões).
A capital paranaense desponta nesse seleto grupo, ocupando a quarta posição entre as cidades com maiores PIBs do País, detendo 1,4% de participação no total. Partindo para a situação entre os estados, o IBGE considerou ainda mais discrepante as diferenças entre as principais cidades e o interior.
No Paraná, dez dos 399 municípios concentram 58% do PIB do Estado (R$ 179,2 bilhões), e só a capital responde por 24,2% (R$ 43,3 bilhões), segundo cálculos do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes).
“Dá para dizer que no caso do Paraná a diferença de perfis econômicos entre a capital e o interior contribui para essa realidade, já que a geração de renda na Grande Curitiba é puxada pela indústria, e no interior pela agropecuária. Isso é evidenciado pelo ranking dos PIBs, depois de Curitiba, aparecem duas cidades da Região Metropolitana. Tanto Araucária (com PIB de R$ 11 bilhões) quanto São José dos Pinhais (com PIB de R$ 10,4 bilhões) contam com uma forte atividade industrial para a geração de renda”, analisa o pesquisador do Ipardes Fernando de Lima.
A opinião é compartilhada pelo chefe do IBGE no Paraná, Sinval Dias do Santos. “O arranjo produtivo do município determina todo o desempenho do PIB. Possuir um importante complexo industrial ou uma grande empresa de serviços é fundamental”, afirma Santos.
Baixa mobilidade
Entre os primeiros do ranking de contribuição para o PIB do País em 2008 ficaram São Paulo (11,8%), Rio de Janeiro (5,1%), Brasília (3,9%), Curitiba (1,4%), Belo Horizonte (1,4%) e Manaus (1,3%).
As capitais que aparecem entre os seis municípios com maiores PIBs em 2008 são as mesmas desde o início da série, em 1999, detendo 25% do PIB do País. “É muito difícil alguém mudar de posição nas posições mais altas das tabelas e isso confirma a nossa alta concentração de renda. As transformações são mais nítidas nos municípios com PIBs menores, onde qualquer alteração se percebe nos números. Nesse sentido, é possível notar que algumas cidades de Minas Gerais e do Pará cresceram em função do bom momento para a extração de minérios”, informou a técnica do IBGE Raquel Calegário Gomes.
Nesse sentido, vale observar que o Paraná reduziu de 6,2%, em 2007, para 6%, em 2008, a participação no PIB. Segundo o IBGE, a redução foi um impacto direto do aumento da produção petrolífera em outros estados da federação.