Já parou para se perguntar para onde vai Curitiba e como o preço dos imóveis acompanhará este crescimento? Uma constatação é certa. A cidade vai continuar se desenvolvendo e se integrará cada vez mais aos bairros periféricos e à região metropolitana.
Com isso, os imóveis se valorizarão, mas alguns bairros verão o preço do metro quadrado crescer a taxas acima da média. Outros se acomodarão. Além disso, ficará mais fácil detectar onde vale a pena investir, de acordo com o perfil de cada comprador, já que a cidade “se dividirá” cada vez mais em focos de moradia voltados a públicos distintos.
De acordo com o analista de mercado Rodrigo Barros, atualmente 5% da população de Curitiba está se deslocando para bairros periféricos – boa parte para a região norte, principalmente Santa Cândida e Barreirinha, mas também para o Sítio Cercado, Pinheirinho, CIC e Portão, no outro extremo.
“É uma cidade que tem dinâmica rara, resultado de planejamento urbano que, historicamente, foi sempre continuado. Tal fato, somado ao bom nível de equipamentos urbanos e paisagismo com bom volume de árvores, nos dá a dimensão do que poderá ocorrer nos próximos anos.”
De modo geral, a cidade inteira está bastante valorizada, afirma o consultor. “Mas há grande destaque para as regiões oeste e sul, que ainda não atingiram o patamar máximo de valoração.”
O presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR), Gustavo Selig, afirma que a média de valorização dos imóveis em Curitiba no ano passado foi de 14% – tendência que deve ser seguida este ano.
Exceção para os imóveis construídos nas regiões do Batel, Ecoville, Cabral (o trio mais caro da cidade, conforme quadro) e também no Portão. “Estes tiveram valorização média de 22% em 2009”, contabiliza Selig. Os números compõem a pesquisa Perfil Imobiliário de Curitiba.
Terrenos mais caros
Um dos motivos que provocam o encarecimento é o valor dos terrenos, que tiveram crescimento acelerado anos atrás, acima de um patamar real de mercado. “Eles (os terrenos) estão ficando cada vez mais escassos nesses bairros. Mas este ano devem valorizar bem menos que os imóveis prontos”, ressalva o presidente da Ademi.
O analista Rodrigo Barros lembra que a acomodação nos valores vem de 2008 para cá quando alguns terrenos chegaram a encarecer até 130%. “Mas isso não impede que algumas áreas ainda apresentem taxas consideráveis (de valorização), principalmente as que tiverem novidades mercadológicas, ou seja, lançamentos imobiliários”, ressalva.
Destaque, novamente, para o Santa Cândida e o Barreirinha e, ainda, para o Neoville (área em construção na CIC viabilizada pela iniciativa privada em conjunto com o planejamento urbano da prefeitura que abrigará de apartamentos econômicos a condomínios residenciais). “Imóveis novos nestes locais devem valorizar entre 10% a 15% acima da média do mercado”, calcula Barros.
Serão, aliás, os imóveis econômicos os responsáveis pelo alargamento das fronteiras. A Cidade Industrial lidera o ranking de demanda reprimida e potencial de mercado, seguida, entre outros, por bairros como Boa Vista, Boqueirão, Alto Boqueirão, Capão Raso e Tarumã.
Entre os fatores que contribuirão para o crescimento desses bairros estão a infraestrutura de que dispõem, somados a mecanismos de financiamento, como o programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, que financia imóveis de até R$ 130 mil, novos, para famílias com renda de até dez salários mínimos.
Segmento de alta padrão vem ganhando força
Os empreendimentos de alto padrão devem continuar sendo erguidos em bairros como Batel, Champagnat, Cabral e Juvevê. O Ecoville também tem potencial futuro e desfruta, hoje, de sua melhor fase em atratividade comercial. “É o bairro do momento”, destaca Rodrigo Barros.
O segmento vem ganhando força. A construtora Hugo Peretti é uma das que investem nessas áreas em Curitiba a empresa é focada em imóveis de alto padrão.
“Bairros como Cabral, Alto da Glória e Alto da XV têm uma das mais interessantes velocidades de venda da cidade. São tradicionais e altamente atraentes aos compradores”, afirma o diretor geral, Hugo Peretti Neto.
Os imóveis da construtora na região do Cabral chegaram a valorizar em média 103% nos últimos anos, percentagem maior que a média registrada na área, da ordem de 85%. Um dos motivos da valorização acima da média é atribuído à localização dos terrenos que a construtora mantém em seu banco de terrenos, estrategicamente posicionados.
Alguns novos pontos da cidade começam a despontar para o alto e médio padrão, como Mercês, Seminário, Alto da XV e Alto da Glória. E o Centro e entorno deverão receber novos empreendimentos voltados para a vida prática, com menor área útil e mais atributos de lazer.
O diretor da construtora CTBA, Almir de Miranda Perrú, também de Curitiba, afirma que a procura por imóveis nas regiões do Mercês e Seminário vem aumentando consideravelmente.
Entre os motivos, ele cita a qualidade de vida. “Além da facilidade de acesso rápido ao Centro”, complementa. A valorização dos imóveis da construtora nesses bairros foi superior a 30%. “E continua crescendo”, atesta Perrú, que em breve deve lançar outros três empreendimentos nesses locais.
O presidente da Ademi-PR, Gustavo Selig, estima que os imóveis continuarão se valorizando em Curitiba nas taxas atuais por pelo menos três ou quatro anos. “Depois, as percentagens devem ser mais baixas”, adianta.
Segundo ele, o aumento real dos preços começou a ser registrado de pouco tempo para cá, já que, entre 2007 e 2008, o que houve foi uma recuperação do valor de mercado.
“Mas, se comparada a outras capitais com renda per capita semelhante, como Belo Horizonte e Porto Alegre, Curitiba ainda tem os imóveis a preços mais baixos”, lembra Selig.