Uma excelente posição nos rankings nacionais de desenvolvimento municipal, um forte parque de instituições de ensino regular e profissional, baixas taxas de desemprego e um polo de atração de talentos. É com essa “cesta” de indicadores e uma série de medidas para potencializá-los que a Prefeitura de Curitiba pretende trabalhar nos próximos anos para ajudar a fazer da cidade uma referência no desenvolvimento da inovação e da chamada economia criativa – segmento que engloba a produção e distribuição de bens e serviços que usam a criatividade e o capital intelectual como principais insumos.

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O conjunto de indicadores que evidencia a vocação de Curitiba para a economia criativa vem sendo apresentado pela Agência Curitiba de Desenvolvimento a empresas interessadas em investir na cidade e a entidades de vários ramos empresariais. “Queremos mostrar que estamos bem, mas podemos avançar muito com investimentos em áreas promissoras e afinadas com a potencialidade e as necessidades de cada região da cidade”, afirma a presidente da Agência Curitiba, Gina Paladino.

Um dos primeiros passos dados pela Agência nesse trabalho foi a elaboração do Perfil Econômico das Regionais de Curitiba – levantamento que faz um raio-x de cada uma das nove regionais e aponta os negócios mais promissores por região. Curitiba também ganhou este ano, em abril, sua Lei Geral da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, que estabelece tratamento diferenciado para o segmento: menos burocracia, mais agilidade no registro e abertura de firma, isenção de taxas e preferência nas compras públicas.

Espaço Empreendedor

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Paralelamente, a Agência trabalha na implantação de espaços físicos destinados a receber empreendedores em busca de informações, orientação e capacitação. Duas unidades do Espaço Empreendedor já estão em funcionamento: uma na Rua da Cidadania da Fazendinha (que atende também o Portão) e outra na Rua da Cidadania do Pinheirinho.

A economia criativa está no centro de todo esse trabalho. “Estamos fazendo do apoio ao empreendedorismo uma política pública, e os negócios relacionados à economia criativa têm grande potencial para impulsionar o desenvolvimento de pequenos negócios”, afirma Gina Paladino.

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Segundo dados de 2011 do Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil, elaborado pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), Curitiba tem 22 mil profissionais nesse segmento – que envolve, entre outros, negócios como jogos de computador, arquitetura, propaganda, moda, design, audiovisual. No Índice de Criatividade, a cidade aparece no 12° lugar. “Precisamos aproveitar melhor os recursos e competências locais e reposicionar Curitiba no patamar das principais cidades inovadoras e criativas”, diz a presidente da Agência Curitiba.

Há muita coisa a favor de Curitiba nesse sentido. No período de 2005 a 2010, a cidade foi a segunda entre as com maior saldo positivo na atração de talentos – atrás apenas de Brasília –, segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O levantamento define como “talentos” pessoas com alta escolaridade (no mínimo superior completo). No período da pesquisa, Curitiba alcançou saldo positivo de  12.512 talentos (diferença entre os que chegaram à cidade e os que saíram).

Entre as vantagens da cidade está o grande número de instituições de ensino. São, por exemplo, 208 estabelecimentos de ensino médio, 58 instituições de ensino médio profissional e 66 instituições de ensino superior (incluindo cinco universidades e quatro centros universitários). A média de anos de estudo na capital é próxima de 10 anos, elevada em termos de Brasil, embora ainda abaixo dos 12 anos preconizados como mínimo necessário para garantir elevada produtividade econômica de um território. Curitiba também tem a segunda maior taxa de alfabetização entre as capitais (97,87%, contra 97,91% de Florianópolis) e é a capital com o melhor índice Ideb nos anos iniciais de ensino.

“O reflexo disso é um mercado de trabalho com qualidade e salários altos, impulsionando Curitiba para segmentos econ&oci,rc;micos de alto valor agregado”, afirma Gina.

PIB maior

A tudo isso soma-se a localização estratégica no Mercosul, com acesso privilegiado aos modais rodoviário, aéreo e marítimo; um mercado formado por 280 milhões de consumidores e um PIB de US$ 3,2 trilhões – que representa PIB per capita de R$ 32,9 mil por ano, superior ao do Paraná e ao do Brasil.

Para Gina Paladino, o estímulo à economia criativa e negócios inovadores é o caminho mais promissor para fazer crescer de forma sustentável o PIB de Curitiba, cada vez mais concentrado no setor de serviços. A participação desse setor no PIB da capital cresceu de 76,95% no ano 2000 para 80,48% em 2011, ao mesmo tempo em que a participação da indústria caía de 23% para 19,48%. “Os chamados negócios criativos estão no topo do valor agregado do segmento de serviços e por isso são hoje considerados os maiores diferenciais competitivos das metrópoles globais”, afirma.

O esforço da atual administração de Curitiba é para se alinhar a essa tendência, atendendo cada vez melhor as bases essenciais dos negócios criativos: qualidade de vida, boa infraestrutura urbana de comunicação de voz e dados  e um ambiente acolhedor para os empreendedores. “São pontos que ganharam lugar estratégico no plano de desenvolvimento da gestão municipal”, afirma Gina.