Curitiba apresentou em maio a maior inflação medida pelo IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15), com variação de 1,39%. O índice nacional ficou em 0,54%, segundo dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O que puxou a alta em Curitiba foi especialmente o setor de transporte público, com variação de 7,46%, contra 0,19% em nível nacional. O ônibus urbano teve alta de 10,47% e o ônibus intermunicipal, 6,18%. Também os combustíveis tiveram alta expressiva de 4,05%.
“Uma parte da variação ainda é resíduo do aumento do transporte coletivo”, observou o supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos no Paraná (Dieese-PR), Cid Cordeiro. Em abril, a foi autorizado o reajuste de 11,76% na tarifa de ônibus em 11,76% em Curitiba, passando de R$ 1,70 para R$ 1,90. Mas como o aumento não começou a vigorar no primeiro dia do mês, maio ainda sofre o impacto do aumento. Na categoria alimentação, o destaque ficou por conta dos itens tubérculos, raízes e legumes, com aumento de 13,86% no mês. “A questão climática é o principal fator, com menor oferta de produtos e aumento de preços”, apontou Cordeiro.
Também os combustíveis tiveram aumento em Curitiba: 4,05% contra queda nacional de 0,07%. A gasolina na capital paranaense aumentou 2,82%, enquanto o álcool, 9,60%.
Nível nacional
Em nível nacional, o reajuste dos remédios – que subiram 4,26% no mês e acumulam alta de 6,25% no ano – foi a principal causa da aceleração da inflação em maio. A energia elétrica também puxou a inflação para cima, com alta de 1,88%. Outra influência foi dos artigos de vestuário, cuja alta foi de 1,47%, devido à entrada da coleção de outono-inverno.
Entre as 11 áreas pesquisadas, Belém registrou a menor taxa, de 0,23%. O Rio teve inflação de 0,37%. Em São Paulo, a taxa foi de 0,24%.
Metas de inflação
O IPCA-15 é um indicador que antecipa a tendência da inflação oficial – o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). O IPCA – utilizado como parâmetro para as metas de inflação do governo – se difere do IPCA-15 somente no que diz respeito ao período de coleta dos preços. Enquanto o IPCA é calculado com base em preços apurados durante todo o mês de referência, o IPCA-15 tem seus preços coletados entre a segunda quinzena do mês anterior e a primeira quinzena do mês de referência.
Os dois índices se referem às famílias com renda de 1 a 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte, e abrangem as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e Goiânia.
IPC da Fipe teve alta de 0,49%
A inflação do município de São Paulo subiu para 0,49% na terceira quadrissemana de maio – período de 30 dias terminado em 23/05 -, segundo dados do IPC (Índice de Preços ao Consumidor), da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, da USP). A taxa, que vem subindo desde o início de abril, é a maior registrada desde janeiro, quando o IPC ficou em 0,65%.
Em igual período de abril, o IPC-Fipe havia registrado alta média de 0,17% nos preços. Já na divulgação da semana passada, referente à segunda quadrissemana de maio (30 dias encerrados em 15/05), a taxa ficou em 0,39%.
O resultado da terceira quadrissemana ficou acima das expectativas de analistas, que projetavam variação mínima de 0,35% e máxima de 0,42% para o IPC-Fipe do período.
Nos últimos 30 dias, a maior alta foi do grupo Saúde, que subiu 1,73%.
Os demais itens que compõem a pesquisa de preços da Fipe, apresentaram as seguintes variações: Habitação (0,25%); Alimentação (0,70%); Transportes (0,39%); Despesas Pessoais (0,42%); Vestuário (0,27%); e Educação (0,03%).
Na semana passada, o coordenador do IPC-Fipe, Paulo Picchetti, manteve sua projeção de inflação de 0,35% em maio.
A inflação de maio, principalmente no início do mês, vem sendo pressionada, basicamente, pela alta dos remédios.
O coordenador do IPC-Fipe, Paulo Picchetti, considerou, porém, que o impacto da alta dos remédios vai diminuir até o final de maio, embora no indicador fechado do mês ainda exercerá pressão de aproximadamente 0,05 ponto percentual.
“A pressão dos remédios acaba até a primeira quadrissemana de junho. Está saindo remédios e entrando alimentos”, disse Picchetti.
Segundo o economista, já causa preocupação também o avanço do preço do petróleo no mercado internacional e a alta do dólar em maio.